The Theosophical Society,
Escritas do Annie Besant
(1847 -1933)
Os Sete Principios Do Homem
Impressão em 1909
Pesquisadores
atraídos para Teosofia por sua doutrina central de fraternidade entre os
homens, e pelas esperanças que ela traz de conhecimento mais amplo e de
crescimento espiritual, podem ser repelidos quando fazem sua primeira tentativa
de entrar mais em contato com ela, por causa dos - para eles - nomes estranhos
e embaralhantes que fluem facilmente dos lábios de Teosofistas reunidos em
conferência.
Eles ouvem um emaranhado de Âtmâ-Buddhi,
Kâma-Manas, Tríade, Devachan, e sabe-se lá o que mais, e sentem de imediato que
para eles a Teosofia é um estudo por demais abstruso. Mas
poderiam ter-se tornado Teosofistas muito bons, não tivesse seu entusiasmo
inicial sido esfriado com a ducha dos termos Sânscritos. Neste Manual o confuso
emaranhado será tratado com mais moderação, e só poucos nomes Sânscritos serão
colocados diante do pesquisador.
De fato, o uso destes
termos se tornou geral entre os Teosofistas porque a língua portuguesa não tem
equivalentes para eles, e uma frase longa e obscura tem de ser usada em seu
lugar para a idéia ser transmitida integralmente. O problema inicial de se
aprender estes nomes tem sido preferido do que o problema contínuo de usar-se
frases descritivas aproximativas - "Kama", por exemplo, sendo mais
curto e mais preciso do que "parte passional e emocional de nossa
natureza".
De acordo com o ensino Teosófico o homem é um
ser sétuplo, ou, na terminologia usual, tem uma
constituição setenária. Colocando de outra forma, a natureza do homem tem sete
aspectos, pode ser estudada de sete diferentes pontos de vista, é composta de
sete princípios. O modo melhor e mais claro de todos pelo qual imaginar o homem
é considerá-lo
Para este propósito o Espírito, ou Eu
Verdadeiro, veste-se com roupa após roupa, cada uma pertencendo a uma região
definida do universo, e capacitando o Eu para entrar em contato com aquela
região, ganhar conhecimento dela, e trabalhar nela. Assim ele
ganha experiência, e todas as suas potencialidades latentes são gradualmente
transformadas em poderes ativos. Estas roupagens, ou invólucros, são
distinguíveis umas das outras tanto teórica
Se um homem for observado pela clarividência,
cada uma é distinguível ao olhar, e são separáveis entre si durante
a vida física ou na morte, de acordo com a natureza de cada invólucro
particular. Quaisquer palavras que possam ser usadas, o fato permanece o mesmo
- de que ele é essencialmente sétuplo, um ser em evolução, parte de cuja
natureza já se manifestou, parte permanecendo latente no presente, até onde
concerne à vasta maioria da humanidade. A consciência do homem é capaz de
funcionar através de tantos destes aspectos quantos tiverem nele já evoluído
até a atividade.
Esta evolução, durante
o presente ciclo do desenvolvimento humano, tem lugar em cinco dentre sete dos
planos da natureza. Os dois planos superiores - o sexto e o
sétimo - exceto nos casos mais excepcionais, não serão atingidos por homens
desta humanidade neste ciclo atual, e podem ser portanto deixados de lado para
nosso objetivo presente.
Entretanto, como tem surgido alguma confusão
sobre os sete planos por causa da diferença de nomenclatura, são dados dois
diagramas no final deste tratado, mostrando os sete planos como eles existem em
nossa divisão do universo, em correspondência com os planos mais vastos do
universo como um todo, e também a subdivisão dos cinco em sete, como são
representados em parte de nossa literatura.
Um "plano" é meramente uma condição,
um estágio, um estado; de modo que poderíamos descrever o homem como disposto
pela sua natureza, quando esta natureza está plenamente desenvolvida, para
existir conscientemente em sete diferentes condições, ou sete diferentes
estágios, em sete diferentes estados; ou tecnicamente, em sete diferentes
planos de existência.
Tomando um exemplo facilmente verificável: um
homem pode ser consciente no
Deixemos o homem ser um filósofo, e enquanto
ele ponderar sobre algum intrincado problema ele perderá toda a consciência das
necessidades de seu corpo, das emoções, do amor ou do ódio; sua consciência
passará ao plano do intelecto, estará "abstraído", isto é, afastado
das considerações pertinentes à sua vida corporal, e fixo no plano do
pensamento.
Assim um homem pode viver nestes diversos
planos, nestas diversas condições, sendo uma ou outra parte de sua natureza
posta em atividade em cada momento dado; e um entendimento do que é o homem, de
sua natureza, seus poderes, suas possibilidades, será alcançado mais facilmente
e assimilado de maneira mais útil se ele for estudado ao longo destas linhas
claramente definidas, do que se ele for deixado sem análise, um mero feixe
confuso de qualidades e estados.
Também tem sido considerado conveniente, a
respeito da vida mortal e imortal do homem, reunir estes
sete princípios em dois grupos - um contendo os três princípios superiores e
portanto chamado de Tríade, o outro contendo os quatro inferiores, destarte
chamado Quaternário. A Tríade é a parte imortal da natureza humana, o
"espírito" e
Esta divisão em corpo,
Esta vagueza é fatal para qualquer visão clara
sobre a constituição do homem, e o Teósofo pode bem apelar para o filósofo
Cristão contra o Cristão casual não-pensador se for acusado de estar fazendo
distinções difíceis de entender. Nenhuma filosofia digna do nome pode ser
apresentada mesmo em sua feição mais elementar sem
fazer alguma demanda à inteligência e à atenção do eventual aprendiz, e cuidado
no uso dos termos é uma condição para todo o conhecimento.
PRINCÍPIO
I
O
Corpo Físico Denso
O
corpo físico denso do homem é chamado o primeiro de seus sete princípios, já
que certamente é o mais óbvio. Construído de moléculas materiais, no sentido
geralmente aceito do termo - com seus cinco órgãos sensoriais - os cinco
sentidos - seus órgãos de locomoção, seu cérebro e sistema nervoso, seu aparato
para desempenhar as várias funções necessárias para a continuidade de sua
existência, há pouco a ser dito sobre este corpo físico em um esboço tão breve
como este sobre a constituição do homem.
A ciência ocidental está quase pronta para
aceitar a visão Teosófica de que o organismo humano consiste de inumeráveis
"vidas", que constituem as células. H.P.Blavatsky diz sobre isto:
"A ciência ainda não foi longe o bastante para concordar com a doutrina
Oculta que nossos corpos, assim como os dos animais, plantas e pedras, são
também constituídos de tais seres (bactérias, etc): os quais, com exceção das
espécies maiores, nenhum microscópio pode detectar..."
Sendo os constituintes
físicos e químicos idênticos em todos os seres, a ciência química pode bem
dizer que não existe diferença alguma entre a matéria que compõe o touro e a
que forma o homem. Mas a doutrina Oculta é muito mais explícita: Não só
os componentes químicos são os mesmos, mas as mesmas vidas infinitesimais
invisíveis compõe os átomos dos corpos da montanha e da margarida, do homem e
da formiga, do elefante e da árvore que o protege do sol. Cada partícula - seja
chamada orgânica ou inorgânica - é uma vida.
Cada átomo e molécula no universo dá tanto a
vida
A consciência puramente
física é a consciência das células e das moléculas. A
ação seletiva das células, extraindo do sangue o que precisam, rejeitando o que
não precisam, é um exemplo de sua autoconsciência. O processo continua sem a ajuda de nossa consciência ou volição. Assim o que é
pelos fisiologistas chamado de memória inconsciente é a memória da consciência
física, na verdade inconsciente para nós, até que
tenhamos aprendido a transferir nossa consciência cerebral para lá.
O que sentimos não é o que as células sentem.
A dor de um ferimento é sentida pela consciência cerebral, agindo, como
dissemos, no plano físico; mas a consciência da molécula, assim como a do
agregado de moléculas que chamamos células, leva-as celeremente a reparar os
tecidos danificados - ações de que o cérebro é inconsciente - e sua memória as
faz repetir a mesma ação repetidas vezes, mesmo quando já se tornou
desnecessária.
Daí as cicatrizes nos cortes,
quelóides, calosidades, etc. O estudante pode encontra muitos detalhes sobre este assunto em tratados de fisiologia. A morte do corpo
físico denso ocorre quando a retirada da energia vital controladora deixa os
micróbios seguirem seu próprio rumo, e as muitas vidas, já não mais
coordenadas, separam-se e fragmentam as partículas das células do "homem
de barro", e o que chamamos decomposição se apresenta.
O corpo se torna um torvelinho de vidas sem controle, sem regulação, e sua forma, que resultava de
sua correlação, é destruída pela exuberante energia das suas vidas individuais.
A morte é só um aspecto da vida, e a destruição de uma forma
material é apenas um prelúdio para a construção de outra.
PRINCÍPIO
II
O
Duplo Etérico
Linga-Sharira,
corpo astral, corpo etérico, corpo fluídico, duplo, fantasma, doppelganger,
homem astral - estes são alguns dos muitos nomes que
têm sido dados ao segundo princípio na constituição do homem. O melhor nome é
Duplo Etérico, porque este termo designa somente o segundo princípio, sugerindo
sua constituição e aparência: enquanto que os outros nomes têm sido usados algo
genericamente para descrever corpos formados de matéria um pouco mais sutil do
que a que afeta nossos sentidos físicos, sem considerarmos a questão de se
outros princípios estão ou não envolvidos em sua construção. Doravante usarei
apenas este nome.
O duplo etérico é formado de matéria mais
rarefeita ou mais sutil do que a que é perceptível pelos nossos cinco sentidos,
mas ainda é matéria pertencendo ao
Este duplo etérico é a
duplicata ou contraparte exata de nosso corpo físico denso ao qual pertence, e
é separável dele, embora incapaz de ir muito longe. Em seres humanos
normalmente saudáveis a separação é difícil, mas em pessoas conhecidas
Tão estreita é a união física entre os dois que
um ferimento infligido ao duplo etérico aparecerá
A separação do duplo etérico do corpo denso
geralmente é acompanhada de um considerável decréscimo na vitalidade do último,
ficando o duplo mais
vitalizado à medida que a energia no corpo denso diminui. Diz
o Cel. Olcott (p. 63):
"Quando o duplo etérico é projetado por
um perito treinado, até o corpo parece entorpecido, e a mente fica em um estado de estupor [brown study, no original -
NT]; os olhos não têm expressão de vida, o coração e os pulmões atuam
fracamente, e muitas vezes a temperatura cai bastante. É muito perigoso fazer
qualquer ruído ou pancada repentinos na sala, em tais
circunstâncias; pois o duplo, sendo por reação instantânea trazido de volta ao
corpo, faz o coração contrair-se convulsivamente, e a morte pode mesmo ser
causada".
No caso de Emilie Sagée (citado nas pp.
62-65), percebeu-se que a menina parecia pálida e exausta quando o duplo era
visível: "quanto mais nítido o duplo e mais material a aparência, a pessoa
realmente material estava efetivamente enfraquecida, sofrendo e lânguida;
quando ao contrário, a aparência do duplo enfraquecia, a paciente era vista
recuperar a força".
Esta fenômeno é perfeitamente compreensível
para o estudante Teosófico, que sabe que o duplo etérico é o veículo do
princípio vital, ou vitalidade, no corpo físico, e que sua saída parcial deve
portanto diminuir a energia que com este princípio atua nas moléculas mais
densas.
Os clarividentes,
"quando eu
estava absorvido nos estudos fisiológicos, freqüentemente era atraído por um
fato singular. Às vezes acontece de uma pessoa que perdeu um
braço ou perna experimentarem certas sensações nas extremidades dos dedos.
Os fisiologistas explicam esta anomalia postulando haver no paciente uma
inversão de sensibilidade ou de lembrança, que os faz localizar na mão ou no pé a sensação com que somente o nervo do coto é
afetado... Confesso que estas explicações me pareciam
artificiosas e jamais me satisfizeram. Quando estudei o problema do
duplo do homem, a questão das amputações recorreu à minha mente, e me perguntei
se não seria mais simples e lógico atribuir a anomalia de que falei à duplicata
do corpo humano, que por sua natureza fluida pode escapar à amputação"
(loc. cit., pp. 103-104).
O duplo etérico desempenha um grande papel nos
fenômenos espíritas. Novamente aqui o clarividente pode nos
ajudar. Um clarividente pode ver o duplo etérico escapando pelo lado
esquerdo do médium, e é isso o que aparece amiúde como um "espírito
materializado", facilmente moldado em várias formas pelas correntes de
pensamento dos presentes, e ganhando força e vitalidade à medida que o médium
mergulha em transe mais profundo. A condessa Wachtmeister, que é clarividente,
diz que tem visto o mesmo "espírito" reconhecido
Então de novo H.P.Blavatsky me disse que
quando estava na fazenda de Eddy, observando a notável série de fenômenos lá
produzidos, ela deliberadamente moldou o "espírito" que aparecia à
semelhança de pessoas conhecidas dela e de ninguém mais presente, e os outros
viram as formas que ela produziu pelo poder de sua própria vontade, moldando a
plástica matéria do duplo do médium.
Muitos dos movimentos de objetos que ocorrem
em tais sessões, e em outras ocasiões, sem contato visível, são devidos à ação
do duplo etérico, e o estudante pode aprender como produzir tais fenômenos à
vontade. São bastante comuns: a mera projeção da mão etérica não é mais
importante do que a projeção da contraparte densa, e nem mais ou menos
miraculosa. Algumas pessoas produzem estes fenômenos
inconscientemente, simples derrubamento fortuito de objetos, produção de
ruídos, e assim por diante: eles não têm controle sobre seus duplos etéricos, e
eles apenas pairam em sua vizinhança próxima,
Pois o duplo etérico,
Isto nos conduz a um
ponto interessante. Os centros da sensação estão localizados no quarto
princípio, que pode ser dito formar uma ponte entre os órgãos físicos e as
percepções mentais; impressões do universo físico agem sobre as moléculas
materiais do corpo físico denso, colocando em vibração as células constituintes
dos órgãos de sensação, ou nossos "sentidos".
Estas vibrações, por sua
vez, colocam em movimento as moléculas materiais mais rarefeitas do duplo
etérico, nos órgãos sensoriais correspondentes de sua matéria mais fina. Destes, as vibrações passam
para o corpo astral, ou quarto princípio, logo a ser considerado, onde estão os
centros de sensação correspondentes.
Daí estas sensações são propagadas à ainda
mais rarefeita matéria do plano mental inferior, de onde são refletidas de
volta até, chegando às moléculas materiais dos hemisférios cerebrais, se
tornarem nossa "consciência cerebral". Esta sucessão
inter-relacionada e inconsciente é necessária para a atuação normal da
consciência
No sono ou no transe, natural ou induzido, os
dois primeiros e o último estágios geralmente são omitidos, e as impressões iniciam
no e voltam ao plano astral, e assim não deixam qualquer traço na memória
cerebral; mas o psíquico natural ou treinado, o clarividente que não precisa de
transe para o exercício de seus poderes, é capaz de transferir sua consciência
do plano físico para o astral sem perda de continuidade, e pode impressionar a
memória cerebral com o conhecimento obtido no plano astral, retendo-o assim
para uso.
A morte significa para o duplo etérico
exatamente o mesmo que para o corpo físico denso: a ruptura de suas partes
constituintes, a dissipação de suas moléculas. O veículo da vitalidade, que
anima o organismo corpóreo
O duplo etérico, sendo de matéria física,
permanece nas redondezas do cadáver, e é o "espectro", ou
"aparição", ou "fantasma", algumas vezes visto no momento
da morte e logo após por pessoas perto do local onde a morte ocorreu. Ele
desintegra-se lentamente pari passu com sua contraparte densa, e seus restos
são vistos por sensitivos em cemitérios e campos
Eis uma das razões que tornam a cremação
preferível ao enterro como modo de descarte do envelope físico do homem; o fogo
dissipa em poucas horas as moléculas que doutra forma ficariam livres somente
no lento curso da putrefação gradual, e assim devolve rapidamente aos seus
próprios planos os materiais densos e etéricos, prontos para uso mais uma vez
na construção de novas formas.
PRINCÍPIO
III
Prâna,
a Vida
Todos os universos, todos os mundos, todos os
homens, todos os brutos, todos os vegetais, todos os minerais, todas as
moléculas e átomos, tudo o que existe, está mergulhado em um grande oceano de
vida, vida eterna, vida infinita, vida incapaz de aumento ou decréscimo. O universo é apenas
vida em manifestação, vida feita objetiva, vida diferenciada.
Mas cada organismo, seja minúsculo
Imagine uma esponja viva, se expandindo na
água que a banha, a cerca, a penetra; existe a água, ainda o oceano, circulando
em cada passagem, enchendo cada poro; mas podemos pensar no oceano fora da
esponja, ou na parte do oceano apropriado pela esponja, distinguindo-os em
pensamento se quisermos fazer asserções sobre cada um distintamente.
Assim cada organismo é uma esponja banhando-se
no oceano da vida universal, e contendo dentro de si um pouco daquele oceano
Na Teosofia nós distinguimos esta vida
capturada sob o nome de Prâna, alento, e chamamo-lo de o terceiro princípio na constituição do homem.
É o "alento da vida animal no homem - o
sopro da vida instintiva no animal" (ibid.,
diagrama no final do texto). Mas neste momento estamos interessados somente no
Prâna, na vitalidade
O Prâna é explicado na
Doutrina Secreta
"O ocultismo - que discerne uma vida em
cada átomo e molécula, seja em um mineral ou no corpo humano, no ar, fogo ou
água - afirma que todo nosso corpo é feito de tais
vidas; em relação a elas as menores bactérias dos microscópios são,
Um dos comentários arcaicos resume o assunto
em frases sucintas e luminosas: "Os mundos, o profano, são
feitos dos elementos conhecidos. Na concepção de um Arhat, estes
mesmos elementos são coletivamente uma vida divina; distributivamente, no
"Só o fogo é UM, no
Assim
PRINCÍPIO
IV
O
Corpo de Desejo
Estudando
nosso homem atingimos agora o princípio algumas vezes descrito
Na psicologia ocidental a mente é dividida -
pela escola moderna - em três regiões principais: sentimentos, vontade,
intelecto. Os sentimentos são divididos de novo em sensações
e emoções, e estas são divididas e subdivididas em numerosas classes.
Kâma, ou desejo, inclui todo o grupo de "sentimentos", e poderia ser
descrito
Todas as necessidades animais, como a fome, a
sede, o desejo sexual, reúnem-se aqui; todas as paixões, como o amor (em seu
sentido inferior), o ódio, a inveja, o ciúme. É o desejo por
experiência senciente, por experiência de alegrias materiais - "a luxúria
da carne, a luxúria dos olhos, o orgulho da vida".
Este princípio é o mais
material em nossa natureza, é o único que nos ata pesadamente à vida terrena.
"Não é matéria constituída molecularmente, pelo menos não como o corpo
humano, o Sthûla Shârira, isto é, o mais grosseiro de todos nossos
'princípios', mas na verdade é o princípio médio, o verdadeiro centro animal;
daí ser nosso corpo apenas sua concha, o fator e meio irresponsáveis através
dos quais a besta em nós tem toda sua vida" (Dout. Sec.,
vol. I, pp. 280-81).
Unido à parte inferior de Manas, a mente,
Kâma unido a Prâna é,
Mas estes órgãos
seriam incapazes de funcionar se Prâna não os fizesse vibrar em atividade, e
suas vibrações permaneceriam apenas vibrações, movimento no
Por exemplo, uma árvore pode refletir os raios
da luz, isto é, vibrações etéricas, e estas vibrações
atingindo o olho externo estabelecerão vibrações nas células nervosas físicas;
estas serão propagadas
A matéria do
O corpo de desejo, ou corpo astral,
Em um homem de desenvolvimento intelectual
mediano o corpo de desejo já se tornou mais altamente organizado, e quando
separado do corpo físico é visto assemelhando-se à sua forma e características;
mesmo então, entretanto, não é consciente de seu entorno no plano astral, mas
encapsula a mente como uma concha, dentro da qual a mente pode funcionar
ativamente, embora ainda não capaz de usá-lo como um veículo independente de
consciência.
Só no homem altamente desenvolvido o corpo de
desejo se torna inteiramente organizado e vitalizado, um veículo de consciência
no
Após a morte, a parte superior do homem
permanece por um tempo no corpo de desejo, e a duração de sua estadia depende
da comparativamente grosseria ou delicadeza de seus constituintes. Quando o
homem escapa dele, ele ainda persiste por algum tempo como uma
"concha" e quando a entidade defunta é de um tipo baixo, e durante a
vida terrena possuía uma mentalidade restrita à natureza passional, alguns de
seus restos se fundem com a concha.
Ela então possui uma consciência de ordem
muito inferior, tem astúcia bruta, não possui consciência - uma entidade
totalmente deplorável, freqüentemente descrita
Médiuns de um tipo inferior inevitavelmente
atraem estes visitantes eminentemente indesejáveis, cuja vitalidade decadente é
reforçada em suas salas de sessão, que apanham reflexos astrais, e assumem o
papel de "espíritos desencarnados" de uma ordem inferior. E isso não
é tudo; se em tal sessão houver presente algum homem ou mulher de
desenvolvimento igualmente baixo, o fantasma será atraído para aquela pessoa, e
pode ligar-se a ele ou ela, e assim pode estabelecer correntes entre o corpo de
desejo da pessoa viva e o corpo de desejo moribundo da pessoa morta, gerando
resultados do tipo mais deplorável.
A persistência maior ou menor do corpo de
desejo
Ou ainda, se a vida terrena foi cortada
subitamente por acidente ou por suicídio, o elo entre Kâma e Prâna não será
facilmente rompido, e o corpo de desejo estará fortemente vivificado. Se, por
outro lado, o desejo foi conquistado e governado durante
a vida terrena, se foi purificado e treinado na subserviência da natureza
humana superior, então haverá apenas pouco para energizar o corpo de desejo e
ele rapidamente se desintegrará e dissolverá.
Permanece um outro fato, terrível em suas
possibilidades, que pode afetar o quarto princípio, mas não pode ser entendido
claramente até que o quinto princípio tiver sido estudado.
O
QUATERNÁRIO
Ou
Os Quatro Princípios Inferiores
(Diagrama
do Quaternário; transitório e mortal; vide Dout. Sec., vol.
I, p. 262. O duplo etérico aqui é chamado Linga Sharira, um nome agora
descartado em conseqüência da confusão causada pelo emprego de um termo
filosófico hindu bem conhecido de um modo inteiramente
novo. Antes de sua partida H.P.B. instou seus pupilos a
reformarem a terminologia, que tem sido reunida por demais descuidadamente, e
estamos tentando cumprir seu desejo).
Estudamos assim o homem
quanto à sua natureza inferior, e atingimos o ponto em sua senda evolutiva em
que ele é acompanhado pelo bruto. O quaternário, considerado
isoladamente, antes de ser afetado pelo contato com a mente, é meramente um
animal inferior; ele espera a chegada da mente para tornar-se homem.
A
Teosofia ensina que através de idades passadas o homem foi construído só
lentamente, etapa por etapa, princípio por princípio, até que constituiu-se
como um quaternário, vigiado pelo Espírito mas não em contato com ele, à espera
daquela mente que sozinha poderia habilitá-lo a progredir mais, e entrar em
união consciente com o Espírito, cumprindo assim o verdadeiro objetivo de sua
existência.
Esta evolução eônica, em sua lenta progressão,
é acelerada através da evolução pessoal de cada ser humano; cada princípio
evoluiu sucessivamente no curso das eras no homem na
terra, aparecendo
A evolução do quaternário, até atingir o ponto
em que progresso ulterior seria impossível sem a mente, é descrita em
eloqüentes sentenças nas estâncias arcaicas em que é baseada a Doutrina Secreta
de H. P. Blavatsky (O alento é o Espírito para o qual o tabernáculo humano deve
ser construído; o corpo grosseiro é o corpo físico denso; o espírito de vida é
Prâna; o espelho de seu corpo é o duplo etérico; o veículo de desejos é Kâma):
"O
Alento precisou de uma forma; os Pais a deram. O
Alento precisou de um corpo grosseiro; a Terra o moldou; o Alento precisou do
Espírito da Vida: os Lhas Solares o sopraram na sua
forma. O Alento precisou de um Espelho de seu Corpo; 'Nós lhe
daremos o nosso', disseram os Dhyânis. O Alento
precisou de um Veículo de Desejos; 'Já o tem', disseram os Drenadores das
Águas. Mas o Alento necessita de uma Mente para
abarcar o Universo; 'Não podemos dá-la', disseram os Pais, 'Jamais a tive',
disse o Espírito da Terra. 'A forma seria consumida se eu lhe desse a minha',
disse o Grande Fogo... O homem permanecia um Bhûta (fantasma)
vazio e inconsciente".
Assim é o homem pessoal sem
a mente. O quaternário sozinho não é o homem, o Pensador, e é
Na verdade, para fazer a personalidade humana
ela ainda tem de ser trazida sob os raios da mente, e ser iluminada por ela
como o mundo o é pelos raios do sol. Mas mesmo sem estes raios já é uma
entidade claramente definida, com seu corpo denso, seu duplo etérico, sua vida
e seu corpo de desejo ou alma animal. Tem paixões, mas não razão; tem emoções,
mas não intelecto; tem desejos, mas não vontade racionalizada; ela espera a vinda
de seu monarca, a mente, o toque que a transformará em homem.
PRINCÍPIO
V
Manas,
o Pensador, ou a Mente
Chegamos à parte mais complicada de nosso
estudo, e algum pensamento e atenção são necessários do leitor para que obtenha
mesmo uma idéia elementar da relação mantida pelo quinto princípio com os
outros princípios no homem.
A palavra Manas vem do Sânscrito man, a raiz
do verbo pensar; é o Pensador em nós, do qual se fala
vagamente no ocidente
Ele é descrito na Voz
do Silêncio na exortação endereçada ao candidato à iniciação: "Persevera
"Ele pode fazê-lo somente
passando individual e pessoalmente, isto é, espiritual e fisicamente, através
de todas as experiências que existem no universo múltiplo ou diferenciado.
Tem, portanto, depois de ter ganho tal experiência nos reinos inferiores, e
tendo que ascender mais alto e ainda mais alto com cada degrau na escada do
ser, que passar através de todas as experiências nos planos humanos.
"Em sua vera
essência é Pensamento, e é, portanto, chamado em sua pluralidade de
Mânasaputra, 'os Filhos da Mente (universal)'. Este 'Pensamento'
individualizado é o que os Teosofistas chamam de o verdadeiro Ego humano, a entidade pensante aprisionada em uma caixa de carne e
ossos. Ele é seguramente uma entidade espiritual, não é matéria (isto é, não
matéria
Esta idéia pode ser tornada ainda mais clara talvez com uma rápida olhada na evolução do homem no
passado. Quando o quaternário havia sido lentamente desenvolvido, era uma boa
casa sem um dono, e estava vazia esperando a vinda
daquele que havia de residir lá.
O nome Mânasaputra (os filhos da mente) cobre
muitos graus de inteligência, desde os poderosos "Filhos da Chama"
cuja evolução humana já ficou muito para trás, até aquelas entidades que
obtiveram a individualização no ciclo precedente ao nosso, e estavam prontas
para se encarnar nesta terra a fim de completar sua etapa humana de evolução.
Algumas inteligências super-humanas encarnaram
Através das idades sucessivas o restante da humanidade
recebeu do mais alto Mânasaputra sua primeira faísca de mente, um raio que
estimulou ao crescimento o germe da mente latente dentro de si, tendo assim a
alma humana ali seu nascimento no tempo. São estas diferenças de idade,
A multiplicidade de nomes dados a este quinto princípio provavelmente tendeu a aumentar a
confusão em seu redor nas mentes dos muitos que estão começando a estudar
Teosofia.
Mânasaputra é o que chamamos o nome histórico,
o nome que sugere a entrada na humanidade de uma classe de almas já
individualizadas em certo ponto da evolução; Manas é o nome comum, descritivo
da natureza intelectual do princípio; o Indivíduo ou "Eu", ou Ego,
lembra o fato de que este princípio é permanente, não morre, é o princípio
individualizante, separando-se em pensamento de tudo o que não é ele mesmo, o
Sujeito oposto ao Objeto, na terminologia ocidental; o Ego Superior o coloca em
contraste com o ego pessoal, do qual logo diremos algo.
O Ego Reencarnante enfatiza o fato de que é o
princípio que reencarna continuamente, e assim une em sua própria experiência
todas as vidas passadas na Terra. Há vários outros
nomes, mas estes não serão encontrados em tratados
elementares.
Estes de acima são os nomes mais
freqüentemente encontrados, e não há nenhuma dificuldade real a seu respeito,
mas quando são usados intercambiavelmente, sem explicação, o infeliz estudante
é capaz de arrancar seus cabelos de aflição, espantando-se com quantos
princípios ele possui, e com que relação eles guardam entre si.
Devemos agora considerar Manas durante uma
única encarnação, que servirá como protótipo para todas, e começaremos quando o
Ego foi atraído - por causas estabelecidas antes em vidas terrenas prévias - à
família em que há de nascer o ser humano que servirá como seu próximo
tabernáculo (Não trato aqui da reencarnação, uma vez que esta grande e
essencialíssima doutrina da Teosofia deve ser exposta em separado).
O Pensador, então, espera a construção da
"casa da vida" que ele vai ocupar; e agora surge uma dificuldade;
sendo ele mesmo uma entidade espiritual vivendo no plano mental, ou terceiro de
baixo para cima, um plano muito mais elevado do que o do universo, não pode
influenciar as moléculas de matéria grosseira de que é feita sua moradia pela
ação direta, sobre elas, de suas partículas muito mais sutis.
Deste modo, ele projeta parte de sua própria
substância, que se reveste de matéria astral, e então, com a ajuda da matéria
etérica, penetra todo o sistema nervoso da criança ainda não-nascida, para
formar, à medida que o aparato físico amadurece, o princípio pensante no homem.
Esta projeção de Manas, dita seu reflexo, sua sombra, seu raio, e de muitos
outros nomes descritivos e alegóricos, é o Manas inferior, em contraste com o
Manas superior - sendo Manas, durante cada período de encarnação, dual.
Sobre isto, diz H.P.Blavatsky: "Uma vez
aprisionado, ou encarnado, sua essência (o Manas) se torna dual; quer dizer, os
raios da Mente divina eterna, considerados como entidades individuais, assumem
um atributo duplo que são (a) suas mentes essenciais, inerentes,
características, anelantes pelo céu (Manas superior), e (b) a qualidade humana
de pensamento, ou cogitação animal, racionalizada devido à capacidade superior
do cérebro humano, o Manas que tende a Kâma, ou Manas inferior" (A Chave
da Teosofia, p. 184).
Agora devemos voltar nossa atenção a este Manas inferior somente, e ver que parte ele tem na
constituição humana.
Ele está mergulhado no quaternário, e podemos
considerá-lo
Durante a vida terrena, Kâma
e o Manas inferior estão unidos, e são amiúde chamados convenientemente de
Kâma-Manas. Kâma supre, como vimos, os elementos animais e passionais; o
Manas inferior os racionaliza, e acrescenta as faculdades intelectuais; de modo
que temos a mente cerebral, a inteligência cerebral, isto é, Kâma-Manas
funcionando no cérebro e no sistema nervoso, usando o aparato físico como seu
órgão no plano material.
No homem estes dois
princípios estão interligados durante toda a vida, e raramente agem separados,
mas o estudante deve perceber que "Kâma-Manas" não é um princípio
novo, mas o entrelaçamento do quarto com a parte inferior do quinto.
Assim como com uma chama podemos acender um
pavio, e a cor da chama do pavio que arde dependerá da natureza do pavio e do
líquido em que estiver embebido, igualmente em cada ser humano a chama de Manas
acende o cérebro e o pavio Kâmico, e a cor da luz deste pavio dependerá da
natureza Kâmica e do desenvolvimento do aparato cerebral.
Se a natureza Kâmica for forte e
indisciplinada, poluirá a pura luz Manásica,
emprestando-lhe uma tonalidade opaca e sujando-a com desagradável fumaça. Se o
aparato cerebral for imperfeito ou subdesenvolvido, embotará a luz e impedirá sua radiação para o exterior.
Como foi claramente assertado por
H.P.Blavatsky em seu artigo Gênio: "O que chamamos 'as manifestações do
gênio' em uma pessoa são somente os esforços
mais ou menos bem sucedidos do Ego de impor-se sobre o plano externo à
sua forma objetiva - o homem de barro - na vida diária factual deste último.
Os Egos de um
O que faz de um mortal um grande homem e de
outro uma pessoa vulgar e estúpida é, como se disse, a qualidade e constituição
do invólucro ou moldura física, e a adequação ou não do cérebro e corpo em
transmitir e dar expressão à luz do homem interno real; e esta aptidão ou inépcia
é, por sua vez, o resultado do Karma.
"Ou, para usarmos outro
paralelo, o homem físico é o instrumento musical, e o Ego é o artista que o
toca. A potencialidade de perfeita melodia de som está no primeiro - o
instrumento - e nenhuma habilidade do último pode despertar uma harmonia
impecável a partir de um instrumento quebrado ou malfeito.
"Esta harmonia depende da fidelidade de
transmissão, por palavra ou ato, ao
Tendo em mente estas limitações e
idiossincrasias (limitações e idiossincrasias devidas à ação do Ego em vidas
terrenas anteriores, seja bem lembrado) impostas sobre as manifestações do
princípio pensante pelo órgão através do qual ele tem de funcionar, teremos
pouca dificuldade em acompanhar a atuação do Manas inferior no homem; a
habilidade mental, a força, finura e sutileza intelectuais - tudo isso são suas
manifestações; elas podem chegar até onde o que é chamado gênio, de que
H.P.Blavatsky fala como "um gênio artificial, o florescimento da cultura e
da agudeza puramente intelectual". Sua natureza
freqüentemente é demonstrada pela presença de elementos Kâmicos nele, de
paixão, vaidade e arrogância.
O Manas superior apenas
raramente pode manifestar-se no presente estágio da evolução humana.
Ocasionalmente um clarão daquelas regiões mais altas ilumina a penumbra em que
vivemos, e só tais clarões é o que o Teosofista chama de gênio verdadeiro;
"Vêde em toda manifestação de gênio, quando combinada com a virtude, a
inegável presença do exilado celeste, o Ego divino cuja gaiola és, oh homem de
matéria".
Pois a Teosofia ensina "que a presença no
homem de vários poderes criativos" - chamados gênio em sua coletividade -
é devida não a um acaso cego, nem a qualidades inatas através de tendências
hereditárias - embora aquilo que é conhecido como atavismo possa freqüentemente
intensificar estas faculdades - mas a uma acumulação de experiências
individuais antecedentes do Ego em sua vida ou vidas anteriores.
Pois a onisciência em sua essência e natureza
ainda requer a experiência, através de suas personalidades, das coisas da
Terra, terrenamente no
Kâma-Manas é o eu pessoal do homem; já vimos
que o quaternário,
E o Manas inferior, atraído pela vividez das
impressões da vida material, empolgado pelo borbulhar das emoções, paixões e
desejos Kâmicos, atraído pelas coisas materiais, cego e surdo pelas vozes
tempestuosas por entre as quais é mergulhado - o Manas inferior é capaz de
esquecer a glória pura e serena de seu lugar de origem, e jogar-se na turbulência
que lhe dá arroubos em vez de paz.
E, seja lembrado, é este
Manas bem inferior que concede o derradeiro toque de deleite aos sentidos e à
natureza material; pois o que é a paixão que não pode nem antecipar nem
lembrar, onde está o êxtase sem a força sutil da imaginação, as delicadas cores
da fantasia e do sonho?
Mas pode haver cadeias ainda mais fortes e
restritivas, atando o Manas inferior pesadamente à Terra. Elas
são forjadas de ambição, de desejo por fama, seja por aquela do poder do homem
de estado, ou da suprema realização intelectual. Enquanto qualquer
trabalho for executado por causa do amor, do aplauso, ou mesmo do
reconhecimento de que o trabalho é "meu" e não de outrem; enquanto
permanecer nas câmaras mais remotas do coração algum sutilíssimo anelo de ser
reconhecido como separado de todos; enquanto isso durar, por mais grandiosa que
seja a ambição, por mais vasta a caridade, por mais excelsa a conquista, Manas
estará manchado de Kâma, e não será puro como sua fonte.
O
MANAS EM ATIVIDADE
Já
vimos que o quinto princípio é dual em seu aspecto durante
cada período de vida terrena, e que o Manas inferior unido a Kâma, dito por
conveniência Kâma-Manas, atua no cérebro e sistema nervoso do homem. Precisamos
levar nossa investigação um pouco mais além a fim de distinguir com clareza
entre as atividades do Manas superior e do inferior, de modo que a ação na
mente do homem possa ser menos obscura para nós do que é a muitos atualmente.
Assim, as células do cérebro e sistema nervoso
(
H.P.Blavatsky assinala
(Lucifer, outubro de 1890, pp. 92-3) que o movimento molecular é a forma mais
inferior e material da Vida Eterna Única. Ela própria é movimento
Assim, a mente inferior, ou Kâma-Manas, atua
nas moléculas das células nervosas através de movimento, e as coloca em
vibração, despertando a consciência mental no
Estas manifestações, "
Esta ação do Kâma-Manas é dita pelos
Teosofistas
Se a constituição molecular do cérebro for
boa, e se a atuação dos órgãos especificamente Kâmicos (fígado, baço, etc.) for
saudável e pura - de modo a não prejudicar a constituição molecular dos nervos
que os colocam em comunicação com o cérebro - então o alento psíquico, ao
passar através do instrumento, desperta nesta verdadeira harpa eólica melodias
harmoniosas e refinadas; enquanto que se a constituição molecular for grosseira
ou pobre, se for desordenada pelas emanações do álcool, se o sangue for
envenenado pela vida grosseira ou excessos sexuais, as cordas da harpa eólica
se tornam frouxas ou tensas demais, cobertas de sujeira ou abaladas pelo uso
rude, e quando o alento psíquico passa por elas, permanecem mudas ou produzem
notas asperamente dissonantes, não porque o alento esteja ausente, mas porque
as cordas estão em mau estado.
Agora, imagino, será entendido claramente que
o que chamamos de mente, ou intelecto, é, nas palavras de H.P. Blavatsky,
"um reflexo pálido e excessivas vezes distorcido" do próprio Manas,
ou nosso quinto princípio; Kâma-Manas é "o intelecto racional, mas terreno
ou físico, do homem, encerrado na e limitado pela matéria, e portanto sujeito à
sua influência"; é o "eu inferior, ou aquilo que se manifestando
através de nosso sistema orgânico, agindo neste plano de ilusão, imagina-se o
Ego sum, e cai destarte no que a filosofia Budista estigmatiza como a
"heresia da separatividade". É a personalidade humana, de onde
procede "na melhor das hipóteses a sabedoria psíquica, ou seja, a
'sabedoria terrena', uma vez que é influenciada por todos os estímulos caóticos
das paixões humanas ou antes animais do corpo vivente" (Lucifer, outubro
de 1890, p. 179).
Um entendimento claro do fato de que
Kâma-Manas pertence à personalidade humana, que funciona no e através do
cérebro físico, que age nas moléculas do cérebro, pondo-as em vibração, facilitará
muito a compreensão da doutrina da reencarnação pelo estudante.
Este grande tópico será tratado em outro
volume desta série, e não me proponho a demorar-me nele aqui mais do que para
lembrar ao estudante que aperceba-se cuidadosamente do fato de que o Manas
inferior é um raio do Pensador imortal, iluminando a personalidade, e que todas
as funções que são trazidas à atividade na consciência cerebral são funções
correlacionadas ao cérebro particular, à personalidade particular, onde
ocorrem.
As moléculas cerebrais que são postas a vibrar
são órgãos materiais no homem de carne; elas não existiam
Assim, a faculdade que chamamos de memória no
plano físico depende da resposta destas mesmas moléculas cerebrais ao impulso
do Manas inferior, e não existe elo algum entre os cérebros das personalidades
sucessivas exceto através do Manas superior, que envia seu raio para animá-las
e iluminá-las sucessivamente.
Segue-se, então, inevitavelmente, que a menos
que a consciência do homem possa erguer-se dos planos físico e Kâma-Manásico
até o plano do Manas superior, nenhuma memória de uma personalidade pode passar
para outra. A memória da personalidade pertence à parte transitória da complexa
natureza humana, e só podem recuperar a memória de suas vidas passadas aqueles
que podem elevar suas consciências até o plano do Pensador imortal, e podem,
por assim dizer, viajar conscientemente para cima e para baixo no raio que é a
ponte entre o homem pessoal que perece e o homem imortal que perdura.
Se, enquanto encarcerados na carne humana,
pudermos elevar nossa consciência ao logo do raio que conecta nosso eu inferior
com o Eu real, atingindo assim o Manas superior, encontraremos armazenada lá na
memória daquele Ego eterno o conjunto inteiro de nossas vidas passadas na
Terra, e poderemos trazer estes registros de volta á nossa memória cerebral
através do mesmo raio através do qual podemos subir até o nosso
"Pai".
Mas esta é uma
conquista que pertence a uma etapa posterior da evolução humana, e até que seja
atingida as personalidades sucessivas animadas pelo raio Manásico ficam
separadas umas das outras, e nenhuma memória transpõe o hiato intermédio. O
fato é óbvio o bastante para qualquer um que medite sobre o assunto, mas
Deste modo, o Manas inferior pode fazer uma de
três coisas: pode elevar-se até sua fonte, e por esforços incansáveis e estrênuos
tornar-se uno com seu "Pai no céu", ou Manas superior - Manas não
contaminado com elementos terrenos, imaculado e puro. Ou pode parcialmente
aspirar e parcialmente tender para baixo,
Antes de considerarmos estes três destinos, há
mais algumas palavras a serem ditas a respeito da atividade do Manas inferior.
Quando o Manas inferior
liberta-se de Kâma, torna-se o soberano da parte inferior do homem, e manifesta
mais e mais de sua natureza verdadeira e essencial. Em Kâma está o
desejo, movido por necessidades corpóreas, e a Vontade, que é a energia
derramada pelo Eu em Manas, freqüentemente é capturada pelos turbulentos
impulsos físicos. Mas o Manas inferior, "sempre que desconecta-se de Kâma,
durante este tempo,
se torna o guia das mais altas faculdades mentais, e é órgão do livre arbítrio
no homem físico" (Lucifer, outubro de 1890, p. 94).
Mas a condição desta liberdade é que Kâma seja
subjugado, seja prostrado sob os pés do conquistador; se a donzela Vontade há
de ser liberta, o São Jorge Manásico deve matar o dragão Kâmico que a mantém
cativa; pois enquanto Kâma não for conquistado, o Desejo dominará a Vontade.
Então, à medida que Manas
liberta-se de Kâma, torna-se mais e mais capaz de transmitir à personalidade
humana com que está associado os impulsos que lhe chegam de sua fonte. É
então,
"O Ego superior", diz ela, "não
pode agir diretamente no corpo, já que sua consciência pertence a um plano e
planos muito diferentes de ideação; o eu inferior o pode; e sua ação e
comportamento dependem de seu livre-arbítrio e da escolha se gravitará mais
para sua origem (o 'Pai no céu') ou para o 'animal' que ele anima, o homem de
carne. O Ego superior, como parte da essência da Mente Universal, é
incondicionalmente onisciente em seu próprio plano, mas só potencialmente em
nossa esfera terrestre, uma vez que é obrigado a agir unicamente através de seu
alter ego, o eu pessoal.
"Assim (...) o primeiro é o veículo de
todo conhecimento do passado, do presente e do futuro, e (...) é desta fonte
primeira que seu 'duplo' obtém vislumbres ocasionais do que está além dos
sentidos do homem, e os transmite a certas células cerebrais (cujas funções são
desconhecidas da ciência), fazendo assim do homem um vidente, um conhecedor do
futuro e um profeta" (Lucifer, novembro de 1890, p. 179)
Esta é a vidência autêntica,
e sobre ela devem ser ditas agora algumas palavras. Ela
é, naturalmente, extremamente rara, e tão preciosa quanto rara. "Um
reflexo pálido e distorcido" dela freqüentemente é encontrado no que é
chamado de mediunidade, e sobre isso H.P.Blavatsky diz: "Então, o que é um
médium? A palavra médium, quando não aplicada a coisas e objetos, supostamente
é uma pessoa através de quem a ação de uma outra
pessoa ou ser é ou manifesta ou transmitida.
"Os espíritas que acreditam na comunicação com espíritos desencarnados, e que estes
podem se manifestar através, ou impressionar sensitivos para transmitirem
mensagens suas, consideram a mediunidade uma bênção e um grande privilégio.
Nós, Teosofistas, por outro lado, que não acreditamos em 'comunhão de
espíritos'
Um médium é simplesmente alguém em cujo Ego
pessoal, ou mente terrestre, a porcentagem de luz
astral prepondera tanto a ponto de impregnar toda sua constituição física.
Todos os órgãos e células são sintonizados desta forma, por assim dizer, e
sujeitos a uma tensão enorme e anormal" (Lucifer,
novembro de 1890, p. 183).
Retornando aos três destinos mencionados
antes, qualquer um deles pode suceder ao Manas inferior. Ele
pode ascender à sua fonte e se tornar uno com o Pai no céu. Este triunfo somente pode ser conquistado através de muitas
encarnações sucessivas, todas direcionadas conscientemente para esta
finalidade. À medida que as vidas se sucedem, a moldura física se torna
mais e mais delicadamente sintonizada a vibrações responsivas a impulsos
Manásicos, de modo que gradualmente o raio Manásico precisa menos e menos da
matéria astral mais grosseira como seu veículo.
"É parte da missão do raio Manásico livrar-se
gradualmente do elemento cego enganador que, embora faça dele uma verdadeira
entidade espiritual neste
Vida após vida ele se livra deste
"elemento cego e enganador", até que enfim, dominando Kâma, e com o
corpo responsivo à mente, o raio se torna uno com sua fonte radiante, a
natureza inferior é inteiramente afinada à superior, e o Adepto surge completo,
tendo-se tornado, "o Pai e o Filho", unos em todos os planos, assim
como sempre foram "unos no céu".
Ele pode em parte aspirar e
em parte tender para baixo. Esta é a experiência
normal do homem comum. Toda a vida é um campo de batalha, e as batalhas se
travam na região do Manas inferior, onde Manas combate com Kâma pelo domínio
sobre o homem. Quando a aspiração vence, as cadeias dos sentidos são quebradas,
e o Manas inferior, com a radiância de sua origem em si, voa para cima com asas
poderosas, desdenhando o solo terreno.
Mas, lástima!, as asas cedo se cansam, pendem,
tremem, cessam de bater no ar; e cai o régio pássaro cujo reino verdadeiro é aquele
do ar mais alto, e ele despenca pesadamente no lodaçal da Terra mais uma vez, e
Kâma o acorrenta.
Quando termina o período de encarnação, e o
portal da morte fecha a estrada da vida terrena, o que
sucede ao Manas inferior no caso que estamos considerando?
Logo após a morte do corpo físico, Kâma-Manas
é deixado livre, e permanece por um tempo no
O Manas então se torna uno mais uma vez, durante a última parte do período que há entre duas
encarnações. O Ego Manásico, observado de cima por Âtmâ-Buddhi - os dois
princípios mais elevados na constituição humana, ainda não considerados por nós
- passa para o estado devachânico de consciência, repousando das canseiras da
luta pela vida pelas quais passou.
As experiências da vida
terrena recém encerrada são levadas para a consciência Manásica pelo raio
inferior recolhido à sua fonte. Elas fazem do estado devachânico uma
continuação da vida terrena, isenta porém de suas tristezas, uma completude dos
anelos e desejos da vida terrena, até onde eles tiverem sido puros e nobres.
A poética frase "a mente cria seu próprio
céu" é mais verdadeira do que muitos podem ter imaginado, pois em toda
parte o homem é o que ele pensa, e no estado devachânico a mente não é
obstruída pela matéria física densa através da qual opera no
O período devachânico é o tempo para a assimilação das experiências vitais, da recuperação do
equilíbrio, antes que uma nova jornada inicie. É o dia que
sucede à noite da vida terrena, o oposto da manifestação objetiva.
Também aqui existe periodicidade, assim
Este estado devachânico de consciência dura
por um período de extensão variável, proporcional ao estágio evolutivo
alcançado, sendo o Devachan do homem comum dito se estender por cerca de mil e
quinhentos anos.
Enquanto isso, aquela porção da vestimenta
impura do Manas inferior que permanece mesclada com Kâma dá ao corpo de desejo
uma consciência algo confusa, uma recordação fragmentária dos eventos da vida
recém terminada. Se as emoções e paixões foram fortes e o elemento Manásico
fraco durante o
período de encarnação, o corpo de desejo ficará fortemente
energizado, e persistirá em sua atividade por um considerável período de tempo
depois da morte do corpo físico.
Ele apresentará também uma considerável
quantidade de consciência, o tanto do raio Manásico que tiver sido subjugado
pelos vigorosos elementos Kâmicos e tiver ficado fundido a
eles. Se, por outro lado, a vida terrena recém terminada foi caracterizada por
mentalidade e pureza antes do que por paixão, o corpo de desejo, sendo só
pobremente energizado, será um pálido simulacro da pessoa a quem pertenceu, e
se dissipará, desintegrará e perecerá antes que transcorra um período longo.
O "fantasma" já mencionado agora
será compreendido. Ele pode apresentar inteligência bem considerável, se o
elemento Manásico ainda estiver largamente presente, e este
será o caso do corpo de desejo de pessoas com forte natureza animal e
pensamento vigoroso mas grosseiro.
Pois a inteligência atuando em uma
personalidade Kâmica bastante poderosa será excessivamente forte e energético,
embora não sutil e delicado, e o fantasma de tal
pessoa, ainda mais vitalizado pelas correntes magnéticas de pessoas ainda
vivendo no corpo, pode mostrar muita habilidade intelectual de um tipo
inferior.
Mas um tal fantasma não possui consciência, é
desprovido de bons impulsos, e tende à desintegração, e as comunicações com ele
só podem agir para o mal, se as considerarmos como prolongando sua vitalidade
pelas correntes que suga dos corpos e elementos Kâmicos dos vivos, ou exaurindo
a vitalidade destas pessoas vivas e poluindo-as com conexões astrais de um tipo
inteiramente indesejável.
Nem deveria ser esquecido que mesmo sem freqüentar absolutamente salas de sessão as pessoas
vivas podem entrar em contato indesejável com estes fantasmas Kâmicos.
Eles atraem os fantasmas magneticamente, e
eles se dirigem para estes vórtices psíquicos de tudo
o que é terreno e sensual. Vivificados por correntes tão similares a eles
mesmos, os corpos de desejo se tornam mais ativos e potentes; impregnados com
as emanações de paixões e desejos que já não podem satisfazer fisicamente, suas
correntes magnéticas reforçam as correntes semelhantes nas pessoas vivas, ação
e reação continuamente se sucedendo, e as naturezas animais dos vivos se tornam
mais potentes e menos controladas pela vontade à medida em que são
influenciadas por estas forças do mundo Kâmico.
Kâma-loka (de kama, lugar, e daí lugar de
Kâma) é um nome freqüentemente usado para designar aquele
É muito possível que muitos
digam, ao ler estas linhas, que a Teosofia é uma retomada das superstições
medievais e conduzirão a terrores imaginários. A Teosofia explica as
superstições medievais, e mostra os fatos naturais onde se fundamentavam e de onde hauriam sua vitalidade.
Se há outros planos na
natureza além do físico, nenhuma quantidade de argumentação poderá se livrar
deles e a crença na sua existência constantemente reaparecerá; mas o
conhecimento lhes porá em seu lugar inteligível dentro da ordem universal, e
prevenirá a superstição através de um acurado entendimento de sua natureza, e
das leis sob as quais funcionam.
E seja lembrado que pessoas cuja consciência
normalmente está no
Nem nos lançaremos
deliberadamente no rumo da infecção. O mesmo também a respeito destes
germes malignos do
Permanece a terceira
possibilidade para Kâma-Manas, à qual devemos agora voltar nossa atenção, o
destino dito antes
A personalidade pode ser tão fortemente
controlada por Kâma que, na luta entre os elementos
Kâmicos e Manásicos, a vitória pode ficar inteira com os primeiros. O Manas
inferior pode se tornar tão escravizado que sua essência pode ser fragilizada e
esmaecida cada vez mais, pelo atrito e tensão constante, até que então a
persistente condescendência para com as instâncias do desejo produz seu
inevitável fruto, e o delgado fio que une o Manas superior ao inferior, o
"cordão de prata que o une ao Mestre", parte-se em dois.
Então, durante a vida
terrena, o quaternário é excluído da Tríade ao qual estava ligado, e a natureza
superior é completamente separada da inferior. O ser humano é partido em dois,
o bruto conseguiu libertar-se, e prossegue desgovernado, arrastando consigo os
reflexos daquela luz Manásica que deveriam ter sido o
seu guia através do deserto da vida.
Ele é um bruto mais perigoso que seus
companheiros do mundo animal subdesenvolvido, exatamente por causa destes
fragmentos nele da mentalidade superior do homem. Um tal
ser, humano na forma mas bruto na natureza, humano na aparência mas sem verdade
humana, ou amor, ou justiça - um tal ser pode aqui e ali ser encontrado entre
as multidões de pessoas, putrescente mas ainda vivo, uma coisa para deplorar-se
com a mais profunda, embora desesperançada, compaixão. Qual é
seu destino depois que os sinos fúnebres foram ouvidos?
Em última análise, ocorre o
perecimento da personalidade que desta forma separou-se dos princípios que só
eles poderiam dar-lhe imortalidade. Mas ainda resta
adiante um período de persistência. O corpo de desejo de um ser destes é
uma entidade de terrível potência, e tem a peculiaridade única de ser capaz, em
certas circunstâncias raras, de reencarnar no mundo dos homens.
Não é um mero
"fantasma" no rumo da desintegração; ele retém, misturado em seus
torvelinhos, demasiado elemento Manásico para permitir a dissipação natural no
espaço. Ele é uma entidade independente o suficiente - sombria em vez de
radiante, com a chama Manásica corrompida em vez de purificante - para ser
capaz de tomar para si uma veste de carne mais uma vez e viver como homem entre
os homens.
Um homem assim - se o termo pode realmente ser
aplicado a uma mera casca humana com interior bruto - passa por um período de
vida terrena
A página da história humana possui imundícies
assim; os monstros da iniqüidade que nos assombram causando sempre um grito de
espanto: "Isto é um ser humano?" Afundando cada vez mais com cada
encarnação sucessiva, a força maligna eventualmente se esvai, e uma tal personalidade perece separada da fonte da vida.
Enfim se desintegra, para ser retrabalhada em
outras formas de coisas vivas, mas
FORMAS
MAIS SUTIS DOS PRINCÍPIOS QUARTO
O
estudante já terá percebido integralmente que um "corpo astral" é um
termo vago que pode abranger uma variedade de formas diferentes. Pode ser bom
neste estágio resumir as formas mais sutis às vezes chamadas imprecisamente de
astral que pertencem aos princípios quarto e quinto.
Durante a vida um corpo astral verdadeiro pode
ser projetado - formado, como seu nome implica, de matéria astral - mas, ao
contrário do duplo etérico, é dotado de inteligência, e capaz de viajar a uma
distância considerável do corpo físico ao qual ele pertence. Este é o corpo de
desejo, e é, como já vimos, um veículo de consciência. Ele é projetado por
médiuns em sensitivos de modo inconsciente, e por estudantes treinados,
conscientemente.
Ele pode viajar á velocidade do pensamento até
um lugar distante, pode conseguir lá impressões de objetos circundantes, pode
trazer de volta estas impressões ao corpo físico. No caso de um médium, pode
transmiti-las a outros por meio do corpo físico durante o transe, mas como
regra, quando o sensitivo sai do transe, o cérebro não retém as impressões
assim feitas nele, e na memória não fica nenhum traço das experiências assim
adquiridas.
Algumas vezes, mas é raro, o corpo de desejo é
suficientemente capaz de afetar o cérebro pela vibração que ali imprime, a
ponto de deixar uma impressão duradoura nele, e então o sensitivo é capaz de
recordar o conhecimento adquirido durante o transe. O estudante aprende a
impressionar o seu cérebro com o conhecimento ganho no corpo de desejo, estando
sua vontade ativa enquanto que a do médium está passiva.
Este corpo de desejo é o agente inconsciente
usado por clarividentes quando sua visão não é meramente o ver na luz astral.
Esta forma astral então viaja de fato a lugares distantes, e pode aparecer lá a
pessoas que são sensitivas ou que naquele momento estejam por acaso em um
estado nervoso anormal.
Às vezes ele lhes aparece - quando animado
fracamente pela consciência - como uma forma vagamente delineada, que não
percebe seu entorno. Um corpo destes tem aparecido perto da hora da morte em
lugares distantes da pessoa moribunda, àqueles que foram intimamente unidos ao
moribundo por laços de sangue, de afeição, ou de ódio. Estando mais altamente
energizado, demonstrará inteligência e emoção, como em alguns casos
registrados, nos quais mães à morte visitaram seus filhos que moravam longe, e
em seus últimos momentos disseram o que viram e fizeram.
O corpo de desejo também é liberado em muitos
casos de doença - assim como o duplo etérico - assim como no sono e no transe.
A inatividade do corpo físico é uma condição para tais viagens astrais. Parece
que o corpo de desejo também ocasionalmente surge em sessões, dando origem a
alguns dos fenômenos mais intelectuais que acontecem.
Não deve ser confundido com o
"fantasma" já suficientemente familiar ao leitor, sendo este último
sempre os restos Kâmicos ou Kâma-Manásicos de alguma pessoa morta, enquanto que
o corpo de que estamos tratando agora é a projeção de um duplo astral de uma
pessoa viva.
Uma forma mais elevada de corpo sutil,
pertencendo ao Manas, é conhecido como Mâyâvi Rûpa, ou "corpo de
ilusão". O Mâyâvi Rûpa é um corpo sutil formado pela vontade conscientemente
dirigida do Adepto ou discípulo; ele pode, ou não, se assemelhar ao corpo
físico, sendo a forma que lhe é dada a mais adequada para o propósito para o
qual é projetado.
Neste corpo está a plena consciência, pois ele
é meramente o corpo mental rearranjado. O Adepto ou discípulo pode assim viajar
à vontade, sem o fardo do corpo físico, em pleno exercício de cada faculdade,
em perfeita autoconsciência. Ele torna o Mâyâvi Rûpa visível ou invisível à
vontade - no plano físico - e a frase freqüentemente usada por discípulos
aceitos e outros sobre verem um Adepto "em seu astral", significa que
eles foram visitados por ele em seu Mâyâvi Rûpa.
Se ele escolher assim, pode fazê-lo
indistinguível de um corpo físico, quente e firme ao toque tanto quanto é
visível, capaz de manter uma conversação, em todos os sentidos como um ser
humano físico. Mas o poder para formar um verdadeiro Mâyâvi Rûpa está confinado
a Adeptos e discípulos aceitos; não pode ser feito pelo estudante destreinado,
por mais psíquico ele possa ser naturalmente, pois ele é uma criação Manásica e
não psíquica, e é só sob a instrução de seu Guru que o discípulo aprende a
formar e usar o "corpo de ilusão".
O
MANAS
O
próprio Pensador imortal, como a esta altura já terá ficado claro para o leitor,
pode manifestar-se apenas pouco no plano físico no presente estágio da evolução
humana. Embora sejamos capazes de captar alguns relances dos poderes nele
residentes, principalmente encontramos estes poderes "estreitados,
engavetados e confinados" no Manas inferior, mas ainda existindo.
Assim, vimos que o Manas inferior "é o
órgão do livre-arbítrio no homem físico". O livre-arbítrio reside no
próprio Manas, no Manas que é o representante de Mahat, a Mente Universal. Do
Manas vem o sentimento de liberdade, o conhecimento de que podemos nos governar
- verdadeiramente o conhecimento de que a natureza superior em nós pode reger a
inferior, por mais que possa esta natureza inferior rebelar-se ou lutar.
Uma vez nossa consciência identifique-se com Manas
em vez de com Kâma, a natureza inferior se torna o animal que cavalgamos, e já
não é o "Eu". Todos os seus desvarios, suas lutas, suas disputas pelo
predomínio ficam, pois, fora de nós, e não dentro, e o governamos e conduzimos
como se domássemos um ginete bravio e o submetêssemos à nossa vontade.
Sobre esta questão do livre-arbítrio arrisco
citar de um artigo meu que apareceu em Path: "Só a vontade incondicionada
pode ser absolutamente livre: o incondicionado e o absoluto são a mesma coisa:
tudo o que é condicionado deve, por força deste condicionamento, ser relativo e
portanto parcialmente limitado. À medida que aquela vontade faz evoluir o
universo, torna-se condicionada pelas leis de sua própria manifestação.
As entidades Manásicas são diferenciações
daquela vontade, cada uma condicionada pela natureza de sua potência manifesta,
mas, enquanto é condicionada fora, ainda
é livre dentro de sua própria esfera de atividade, sendo assim a imagem, em seu
próprio mundo, da vontade universal no universo. Mas à medida que esta vontade,
agindo em cada plano sucessivo, cristaliza-se mais e mais densamente como
matéria, a manifestação é condicionada pelo material em que trabalha, enquanto
que, relativamente ao material, ela própria é livre.
Assim em cada estágio a liberdade interna
aparece em consciência, embora a investigação mostre que aquela vontade
trabalha dentro dos limites do plano de manifestação em que está atuando, livre
para trabalhar sobre o inferior, embora limitada no que toca à manifestação pela
irresponsividade do inferior para com o seu impulso. Assim o Manas superior, em
quem reside o livre-arbítrio, até onde está envolvido o quaternário - sendo a
prole de Mahat, o terceiro Logos, o Verbo, isto é, a Vontade em manifestação -
é limitado em sua manifestação em nossa natureza inferior pela indolência da
resposta da personalidade aos seus impulsos.
No próprio Manas inferior - estando imerso
naquela personalidade - reside a vontade a que estamos acostumados, arrastada
pelas paixões, pelos apetites, pelos desejos, pelas impressões que vêm de fora,
mas é capaz de afirmar-se entre tudo isso, por virtude de sua natureza
essencial, una com aquele Ego superior de que é o raio.
Ele é livre no que diz respeito a tudo abaixo
de si, é capaz de agir sobre Kâma e sobre o corpo físico, embora muito de sua
plena expressão possa ser distorcida e impedida pela rudeza do material em que
está trabalhando. Fosse a vontade um simples fruto do corpo físico, dos desejos
e paixões, quando poderia emergir o senso do "Eu" que é capaz de
julgar, de desejar, e de vencer?
Ele age a partir de um plano superior, é régio
quando toca o inferior e reivindica sua realeza de nascença, e a própria luta
de sua auto-afirmação é o melhor testemunho do fato de que em sua natureza ele
é livre. E assim, passando aos planos inferiores, encontramos em cada grau esta
liberdade do superior ao reger o inferior, mesmo que no plano do inferior seja
limitada em sua manifestação.
Revertendo o processo e partindo de baixo, a
mesma verdade se torna manifesta. Se os membros de um homem são presos com
correntes, a crua matéria férrea impedirá a manifestação da força nervosa e
muscular que os membros possuem; não obstante a força está presente, embora
limitada em sua atividade no momento. Sua força pode se mostrar nos próprios
esforços para romper as cadeias que os prendem: não existe no ferro o poder de
impedir o livre extravasamento de energia muscular, embora o fenômeno da
movimentação possa ser tolhido.
Mas mesmo esta energia não podendo ser governada
pela natureza física inferior abaixo, seu dispêndio é determinado pelo
princípio Kâmico; as paixões e desejos podem desencadeá-la, podem dirigi-la e
controlá-la. A energia nervosa e muscular não pode governar as paixões e
desejos, elas são livres neste ponto, ela é determinada pelo seu intermédio.
Mas ainda assim Kâma pode ser dirigido,
controlado e determinado pela vontade; no toque [de Manas em Kâma] o princípio
Manásico é limitado, e não é livre, e daí o senso de liberdade no escolher qual
desejo será gratificado, qual ato executado. Quando o Manas inferior rege Kâma,
o quaternário inferior assume sua posição adequada de subserviência à tríade
superior, e é regido por uma vontade que reconhece como superior a si mesmo,
uma vontade que é livre.
Aqui em muitas mentes surgirá uma pergunta:
"E sobre a vontade do Manas superior; ela é por sua vez determinada pelo
que há acima dele, enquanto ele é livre em tudo o que está abaixo?" Mas
chegamos a um ponto onde o intelecto nos falha, e onde a linguagem não pode com
facilidade transmitir o que o Espírito sente naqueles domínios mais elevados.
Só vagamente podemos sentir que lá, como em
toda parte, "a liberdade mais verdadeira deve estar em harmonia com a lei,
e que a aceitação voluntária da função de agir como um canal para a Vontade
Universal deve unir numa só coisa a perfeita liberdade e a perfeita
obediência".
Este é um problema verdadeiramente obscuro e
difícil, mas o estudante encontrará muita luz descendo nele se acompanhar as
linhas de pensamento assim traçadas.
Um outro poder residente no Manas superior e
que é manifesto nos planos inferiores naqueles em que o Manas superior
conscientemente prevalece, é o da criação de formas pela vontade. A Doutrina
Secreta diz: "Kriyashakti". O misterioso poder de pensamento que o
capacita para produzir resultados fenomênicos externos, perceptíveis, por
virtude de sua própria energia inerente. Os antigos sustentavam que qualquer
idéia se manifestará externamente se a atenção de alguém concentrar-se profundamente
nela.
"Similarmente, uma volição intensa será
seguida pelos resultados desejados" (vol. I, p. 312). Aqui jaz o segredo
da verdadeira "magia", e como o assunto é importante, e a ciência ocidental
está começando a tocar em suas beiras, uma seção separada mais adiante será
devotada à sua consideração, a fim de não romper a seqüência dada aqui sobre os
princípios.
Novamente aprendemos de H.P.Blavatsky que o
Manas, ou o Ego superior, como "parte da essência da Mente Universal, é
incondicionalmente onisciente em seu próprio plano", quando ele
desenvolveu completamente a autoconsciência através de suas experiências
evolucionárias, e "é o veículo para todo o conhecimento do passado e do
presente, e do futuro".
Quando esta entidade imortal é capaz de
impressionar o cérebro de um homem através de seu raio, o Manas inferior, este
homem é um que manifesta qualidades anormais, é um gênio ou um vidente. As
condições da vidência são dadas abaixo:
"O anterior [as visões do vidente real]
pode ser obtido por um de dois meios: (a) na condição de paralisar à vontade a
memória e a ação instintiva independente de todos os órgãos materiais e mesmo
as células no corpo de carne, um ato que é fácil, uma vez tendo o Ego superior
consumido e subjugado para sempre a natureza passional do ego pessoal inferior,
mas requer [que a pessoa seja] um Adepto; (b) ser uma reencarnação de alguém
que, em prévio nascimento, conseguiu através de extrema pureza de vida e esforços
na direção correta atingir um estado quase Yogi de santidade.
Ainda há uma terceira possibilidade de atingir
em visões místicas o plano do Manas superior; mas é somente ocasional, e não
depende da vontade do vidente, mas da extrema fraqueza e exaustão do corpo
material através da doença e sofrimento. A Vidente de Prévorst foi um exemplo
deste último caso; e Jacob Boheme é da segunda categoria" (Lucifer,
novembro de 1890, p. 183)
O leitor agora estará em posição de perceber a
diferença entre as ações do Ego superior e as do seu raio. O gênio, que vê em
vez de argumentar, é do Ego superior; a verdadeira intuição é uma de suas
faculdades. A razão, a qualidade que pondera e equilibra os fatos reunidos pela
observação, os avalia um contra outro, os inquire, e retira conclusões deles -
este é o exercício do Manas inferior através do aparato cerebral; seu
instrumento é o raciocínio; por indução ascende do conhecido até o
desconhecido, construindo uma hipótese; por dedução desce novamente ao
conhecido, verificando sua hipótese através de experiência nova.
A intuição, como vemos por sua derivação, é
simplesmente uma visão interior [insight, no original - NT] - um processo tão
direto e rápido como a visão corporal. É o exercício dos olhos da inteligência,
o reconhecimento infalível de uma verdade apresentada no plano mental. Ela vê
com certeza, sua visão é desanuviada, seu relato não tem falhas. Nenhuma prova
pode acrescentar à certeza de seu reconhecimento, pois está além a acima da
razão.
Muitas vezes nossos instintos, cegos e
confusos pelas paixões e desejos, são erroneamente chamados de intuições, e um
mero impulso Kâmico é aceito como a sublime voz do Manas superior. É necessário
um longo e cuidadoso autotreinamento antes que a voz possa ser reconhecida com
certeza, mas de uma coisa podemos nos sentir bastante certos: enquanto
estivermos no vórtex da personalidade, enquanto as tempestades dos desejos e
apetites se insurgem ao nosso redor, enquanto as ondas da emoção nos jogam para
cá e para lá, a voz do Manas superior não pode alcançar nossos ouvidos.
Não é no fogo nem no furacão, nem no trovão da
tempestade que chega o mandato do Ego superior: somente quando lá tiver descido
a calmaria de um silêncio é que ele pode ser sentido, somente quando o próprio
ar estiver imóvel e a calma for profunda, somente quando o homem envolver sua
face em um manto que bloqueie até mesmo o silêncio que procede da terra, só
então ressoa a voz que é mais plácida que o silêncio, a voz do seu verdadeiro
Eu.
Sobre isso escreveu H.P.Blavatsky em seu Ísis
sem Véu: "Aliada à metade física da natureza humana está a razão, que o
habilita a manter sua supremacia sobre os animais inferiores, e subjugar a
natureza aos seus intentos. Aliada à sua parte espiritual está sua consciência,
que servirá como sua guia infalível através do tumulto dos sentidos; pois a
consciência é aquela percepção instantânea entre o certo e o errado que somente
pode ser exercitada pelo espírito, o qual, sendo uma porção da sabedoria e
pureza divinas, é absolutamente puro e sábio.
"Suas instâncias são independentes da
razão, e somente podem se manifestar claramente quando desobstruídas das
atrações mais baixas de nossa natureza dual. Sendo a razão uma faculdade de
nosso cérebro físico, e sendo definida com justiça como aquela que deduz
inferências a partir de premissas, e sendo inteiramente dependente da evidência
de outros sentidos, não pode ser uma qualidade pertencente diretamente ao nosso
espírito divino.
"Este último sabe - daí que todo o
arrazoado, que implica em discussão e argumentação, torna-se inútil. Assim uma
entidade que, se deve ser considerada uma emanação direta do eterno Espírito da
sabedoria, tem de ser vista como possuidora dos mesmos atributos da essência do
todo de que é parte.
"Portanto é com certo grau de lógica que
os antigos Teurgos sustentavam que a parte racional da alma humana (espírito)
jamais entra toda no corpo humano, mas apenas o ilumina mais ou menos através
da alma irracional ou astral, que serve como um agente intermediário, ou meio,
entre o espírito e o corpo.
"O homem que conquistou suficientemente a
matéria a ponto de receber a luz direta de seu luminoso Augoeides, sente
intuitivamente a verdade; ele não poderia errar em seu julgamento, não obstante
todos os sofismas sugeridos pela razão fria, pois ele é iluminado. Daí a
profecia, o vaticínio, e a assim chamada inspiração divina, são simplesmente
efeitos desta iluminação de cima pelo nosso próprio espírito imortal"
(vol. I, pp. 305-306).
Este Augoeides, de acordo com a crença dos
Neo-Platônicos, e de acordo com os ensinamentos Teosóficos, "põe mais ou
menos sua radiância no homem interno, a alma astral" (vol I, p. 315), isto
é, na terminologia agora aceita, na personalidade Kâma-Manásica ou ego
inferior.
(Ao ler Ísis sem Véu o estudante tem de manter
em mente o fato de que quando o livro foi escrito, a terminologia não estava de
forma alguma fixada como o está agora; em Ísis sem Véu está a primeira
tentativa moderna de traduzir para a linguagem ocidental as complicadas idéias
orientais, e experiência ulterior tem demonstrado que muitos dos termos usados
para abranger dois ou três conceitos podem com vantagem ser restritos a um, e
assim tornando-o preciso. Deste modo "alma astral" deve ser entendido
no sentido dado antes).
Somente quando este ego inferior se tornou
puro de todo sopro de paixão, quando o Manas inferior se liberta de Kâma, é que
"o resplandecente" pode impressioná-lo; H.P.Blavatsky diz como os
iniciados encontram este Ego superior face a face. Tendo falado da trindade no
homem, Âtmâ-Buddhi-Manas, ela prossegue: "É quando esta trindade, em
antecipação da triunfante reunião final além dos portais da morte corpórea, se
torna por poucos segundos uma unidade, é que é permitido ao candidato, no momento
da iniciação, vislumbrar seu futuro eu.
"Assim lemos no Desatir persa sobre 'o
resplandecente'; nos filósofos iniciados gregos sobre o Augoeides - a
autoluminosa 'visão bendita residente na luz pura'; em Porfírio, que Plotino
uniu-se ao seu 'deus' seis vezes durante sua vida, e assim por diante"
(Ísis sem Véu, vol II, pp. 114-115).
Esta trindade feita unidade, então, é o
"Cristo" de todos os místicos. Quando na iniciação final o candidato
foi estendido no chão ou na pedra do altar e assim tipificou a crucificação da
carne, ou da natureza inferior, e quando desta "morte" ele
"ressuscita" como triunfante conquistador do pecado e da morte, então
ele, no momento supremo, vê diante de si as gloriosa presença e se torna
"uno com Cristo", ele mesmo é o Cristo.
Daí em diante ele pode viver no corpo, mas
este se tornou seu instrumento obediente; ele se uniu com seu Eu verdadeiro, e
o Manas se tornou um com Âtmâ-Buddhi, e através da personalidade que ele habita
assume seus plenos poderes e sua inteligência espiritual imortal. Enquanto
estava lutando nas fadigas da natureza inferior, Cristo, o Ego espiritual, era
diariamente crucificado nele; mas no pleno Adepto, Cristo surgiu triunfante,
senhor de si mesmo e da natureza. A longa peregrinação do Manas está acabada, o
ciclo da necessidade foi percorrido, a roda dos nascimentos cessa de girar, o
Filho do homem se tornou perfeito pelo sofrimento.
Enquanto este ponto não for atingido, "o
Cristo" é o objeto de aspiração. O raio está sempre lutando para voltar à
sua fonte, o Manas inferior está sempre aspirando reunir-se ao superior.
Enquanto esta dualidade persistir o contínuo anelo de reunião sentido pelas
naturezas mais nobres e puras é um dos fatos mais salientes na vida interior, e
é isto que se reveste como prece, inspiração, "busca por Deus",
desejo de união com o divino.
"Minha alma tem sede de Deus, do Deus
vivo", grita o ávido Cristão, e dizer-lhe que este desejo intenso é uma
fantasia e é fútil o faz afastar-se de você como alguém que não entende, mas
cuja insensibilidade não altera o fato. O ocultista reconhece neste grito o
inextinguível impulso para cima do eu inferior para o superior do qual está
separado, mas cuja atração ele sente vivamente.
Reze a pessoa para Buda, para Vishnu, para
Cristo, para a Virgem, para o Pai, não importa em absoluto; são questões de
mero dialeto, e não do fato essencial. Em todos o Manas unido a Âtmâ-Buddhi é o
objetivo real, velado sob quaisquer nomes que os tempos mutantes ou a raça
puderem dar; daí a humanidade ideal e o "Deus pessoal", o "Deus
Homem" encontrado em todas as religiões, "Deus encarnado", o
"Verbo feito carne", "o Cristo que deve nascer" em cada um,
e com quem o crente deve se fazer um.
E isto nos leva aos últimos planos que nos
dizem respeito, os planos do Espírito, usando esta palavra tão abusada como
meramente o pólo oposto à matéria; aqui somente idéias muito gerais podem ser
captadas por nós, mas é necessário pelo menos tentar captar estas idéias se
formos completar, por mais pobremente que seja, nossa concepção do homem.
PRINCÍPIOS
VI
Âtmâ-Buddhi,
o Espírito
Completando
o pensamento da última seção, olharemos primeiro para Âtmâ-Buddhi em sua
conexão com Manas, e então passaremos a uma visão um pouco mais geral dele como
a "Mônada". A concepção melhor e mais clara da trindade humana,
Âtmâ-Buddhi-Manas, será encontrada em A Chave para a Teosofia, na qual
H.P.Blavatsky dá as seguintes definições:
"O EU SUPERIOR é Âtmâ, o inseparável raio
do EU ÚNICO e Universal. É o Deus acima, mais do que dentro de nós. Feliz o
homem que consegue saturar seu Ego interno com ele. O divino EGO ESPIRITUAL é a
alma espiritual, ou Buddhi, em estreita união com Manas, o princípio mental,
sem o qual não é um EGO de forma alguma, mas apenas o Veículo Âtmico.
"O EGO INTERIOR ou SUPERIOR é Manas, o
assim chamado quinto princípio, independentemente de Buddhi. O princípio mental
só é o Ego Espiritual quando imerso em e unificado com Buddhi... Ele é a
individualidade permanente ou o Ego reencarnante". (pp.175-176)
Âtmâ deve ser considerado então como a parte
mais abstrata da natureza humana, o "alento" que precisa de um corpo
para sua manifestação. Ele é a única realidade, que se manifesta em todos os
planos, a essência do que todos os nossos princípios são apenas de aspectos.
A Existência Eterna única, de onde vêm todas
as coisas, que encarna um de seus aspectos no universo, da qual falamos como
sendo a Vida Única - esta Existência Eterna irradia-se como Âtmâ, o próprio Eu
do universo e também do homem; seu núcleo mais interno, seu próprio coração,
aquilo de que todas as coisas são herdeiras.
Em Si incapaz de manifestação direta nos
planos inferiores, embora seja Aquilo sem o que nenhum dos planos inferiores
poderia vir à existência, reveste-Se de Buddhi, como Seu veículo, ou meio para
manifestação ulterior. "Buddhi é a faculdade de cognição, o canal através
do qual o conhecimento divino chega ao Ego, é o discernimento do bem e do mal,
também a consciência divina, e a Alma espiritual, que é o veículo de Âtmâ"
(Dout. Sec., vol. I, p. 2).
Ele é freqüentemente chamado de o princípio do
discernimento espiritual. Mas Âtmâ-Buddhi, um princípio universal, precisa
individualizar-se antes que a experiência possa ser tida e a autoconsciência
alcançada. Assim o princípio mental é unido a Âtmâ-Buddhi, e a trindade humana
se completa. Manas se torna o Ego espiritual somente quando imerso em Buddhi;
Buddhi se torna o Ego espiritual somente quando unido a Manas; na união dos
dois jaz a evolução do Espírito, autoconsciente em todos os planos.
Daí Manas tende para Âtmâ-Buddhi, assim como o
Manas inferior tende para o superior, e daí, em relação ao Manas superior,
Âtmâ-Buddhi, ou Âtmâ, é freqüentemente chamado de "o Pai no Céu",
como o próprio Manas superior é ele mesmo descrido desta forma em relação ao
inferior.
O Manas inferior ganha experiência para
levá-la de volta à sua fonte; o Manas superior armazena o ganho através de todo
o ciclo de reencarnação; Buddhi se funde com o Manas superior; e estes,
penetrados pela luz Âtmica, una com aquele Eu Verdadeiro, a trindade se torna
uma unidade, o Espírito fica autoconsciente em todos os planos, e o objetivo do
universo manifesto é alcançado.
Mas nenhuma de minhas palavras pode presumir
explicar ou descrever o que está além da explicação e além da descrição. As
palavras podem apenas errar no que se refere a um tema destes, diminuindo-o e
distorcendo-o. Somente por longa e paciente meditação o estudante pode esperar
vagamente sentir algo maior que ele mesmo, embora algo que se move no mais
fundo centro de seu ser.
Assim como ao olharmos firmemente para o
pálido céu crepuscular, lá aparece depois de um momento, debilmente e muito
distante, o suave brilho de uma estrela, assim ao olhar paciente da visão
interior pode surgir o tênue raio da estrela espiritual, ainda que só como uma
mera sugestão de um mundo muito remoto.
Só para uma pureza paciente e perseverante
aquela luz surgirá, e bendito além de toda a bênção é aquele que vê seja apenas
o mais pálido fulgir daquela radiância transcendente.
Com tais idéias a respeito do
"Espírito", será logo entendido o horror com que os Teosofistas fogem
de atribuir os fenômenos triviais das sessões a "espíritos". Tocando
caixas de música, falando através de trompetes, batendo na cabeça das pessoas,
carregando gaitas em torno da sala - estas coisas podem todas estar muito bem
para entidades astrais, fantasmas e elementais, mas quem poderá atribuí-las a
"espíritos" se tiver alguma concepção de Espírito digna deste nome?
Tal vulgarização e degradação do mais sublime
dos conceitos já desenvolvidos pelo homem seguramente é motivo do mais profundo
pesar, e pode-se esperar que muito logo estes fenômenos serão colocados em seu
devido lugar, como evidência de que as visões materialistas do universo são inadequadas,
em vez de serem exaltados a uma posição que não podem ocupar como provas do
Espírito.
Nenhum fenômeno físico, nem intelectual, são
provas da existência do Espírito. O Espírito só pode ser demonstrado para o
espírito. Não se pode provar uma proposição de Euclides para um cão; não se
pode provar Âtmâ-Buddhi para Kâma e para o Manas inferior. À medida que
subirmos, nossa visão se ampliará, e quando estivermos no topo da Montanha
Sagrada os planos do Espírito se estenderão diante de nossa visão aberta.
A
MÔNADA EM EVOLUÇÃO
Talvez
uma definição algo mais definida de Âtmâ-Buddhi possa ser obtida pelo estudante
se ele considerar sua atuação na evolução como Mônada. Mas Âtmâ-Buddhi é
idêntico com a Superalma universal, "ela mesma um aspecto da Raiz Desconhecida",
a Existência Única. Quando a manifestação inicia a Mônada é "arrojada para
baixo na matéria", para impulsionar para diante e forçar a evolução (vide
a Dout. Sec., vol. II, p.115); ela é a fonte primeira, por assim dizer, de toda
a evolução, a força propulsora na base de todas as coisas.
Todos os princípios que estivemos estudando
são meros "aspectos variadamente diferenciados" de Âtmâ, a Única
Realidade manifestando-se em nosso universo; está em cada átomo, é "a raiz
de todo átomo individualmente e de todas as formas coletivamente", e todos
os princípios são fundamentalmente Âtmâ nos diferentes planos.
As etapas de sua evolução são mui claramente
apresentadas em Cinco Anos de Teosofia, p. 273 et seq. Lá nos é mostrado como ela
passa através dos estágios denominados elementais, "centros nascentes de
forças", e chega ao estágio mineral; dali passa subindo através do
vegetal, animal, até o homem, vivificando todas as formas.
Como se nos é ensinado na Doutrina Secreta:
"Diz o bem conhecido aforismo Cabalístico:
"Uma pedra se torna uma planta; a planta,
uma besta; a besta, um homem; o homem, um espírito; e o espírito, um
deus". A 'centelha' anima todos os reinos por sua vez antes que entre e
anime o homem divino, entre o qual e seu predecessor, o homem animal, há toda a
diferença do mundo... A Mônada... existe primeiro de tudo, lançada abaixo pela
lei da evolução na mais inferior forma da matéria - o mineral.
"Depois de um ciclo sétuplo encerrada na
pedra, ou aquilo que se tornará mineral e pedra na Quarta Ronda, sai dela,
digamos, como um líquen. Passando adiante, através de todas as formas de
matéria vegetal, para o que é chamado matéria animal, chega agora ao ponto em
que terá se tornado o germe, por assim dizer, do animal, que se tornará o homem
físico" (vol I. pp. 266-267)
É a Mônada, Âtmâ-Buddhi, que vivifica assim
cada parte e reino da natureza, fazendo tudo ser permeado de vida e
consciência, um todo palpitante. "O ocultismo não reconhece nada
inorgânico no cosmos. A expressão empregada pela ciência, 'substância
inorgânica', significa simplesmente que a vida latente, dormitando nas
moléculas da assim chamada 'matéria inerte', é irreconhecível.
Tudo é vida e cada átomo mesmo do pó mineral é
uma vida, embora além de nossa compreensão e percepção, porque está fora do
alcance das leis conhecidas dos que rejeitam o Ocultismo" (Dout. Sec. vol.
I, pp. 268-269). E mais: "Tudo no universo, em todos os reinos, é
consciente, isto é, dotado de uma consciência de seu próprio tipo e em seu
próprio plano de percepção.
"Nós homens devemos lembrar que
simplesmente porque não percebemos nenhum sinal de consciência que possamos
reconhecer, digamos na pedra, não temos o direito de dizer que não existe
nenhuma consciência ali. Não há esta coisa chamada matéria 'morta' ou 'cega',
assim como não existe lei 'cega' ou 'inconsciente' " (p. 295).
Quantos dos grandes poetas, com a sublime
intuição do gênio, sentiram esta grande verdade! Para eles toda a natureza
pulsa com vida; eles vêem vida e amor em toda parte, em sóis e planetas assim
como nos grãos de pó, nas folhas esvoaçantes e nas flores que desabrocham, nos
moscardos e nas serpentes que rastejam.
Cada forma manifesta tanto da Vida Única
quanto é capaz de expressar, e o que é o homem para desprezar as manifestações
mais limitadas, quando ele se compara, como uma expressão de vida, não com as
formas abaixo de si, mas com as possibilidades de expressão que pairam acima
dele em alturas infinitas de ser, que ele pode avaliar ainda menos do que a
pedra pode avaliá-lo?
O estudante verá prontamente que devemos
considerar esta força no centro da evolução como essencialmente única. Só há um
Âtmâ-Buddhi no universo, a Alma universal, presente em todo lugar, imanente em
tudo, a Única Energia Suprema da qual todas as várias energias ou forças são
apenas formas diferentes.
Assim como o raio solar é luz ou calor ou
eletricidade de acordo com seu ambiente condicionador, da mesma forma Âtmâ é
todo energia, diferenciando-se em planos distintos. "Como uma abstração,
nós o chamaremos de Vida Única; como uma realidade objetiva e evidente, falamos
de uma escala de manifestação setenária, que começa na extremidade superior com
a causalidade única incognoscível, e termina como Mente Onipresente e Vida imanente
em cada átomo de matéria" (Dout. Sec., vol. I, p. 163)
Seu curso evolucionário está muito claramente
delineado em uma citação dada na Doutrina Secreta, e como estudantes são
freqüentemente confundidos a respeito desta unidade da Mônada, eu me associo a
eles nesta declaração. O assunto é difícil, mas não poderia, imagino, ser
melhor colocado do que nestas frases:
"Assim a essência Monádica ou cósmica (se
nos permitirmos tal termo) no mineral, vegetal, e animal, embora a mesma em
toda a série de ciclos desde o elemental mais inferior até o reino Dévico, só
difere na escala de progressão.
"Seria muito enganoso imaginar uma Mônada
como uma entidade separada trilhando seu lento caminho através dos reinos
inferiores, e depois de incalculáveis séries de transformações florescer como
um ser humano; em suma, que a Mônada de um Humboldt foi a Mônada de um átomo de
silício.
"Em vez de dizermos 'Mônada Mineral', a
fraseologia mais correta na ciência física, que diferencia cada átomo, a
chamaria obviamente 'a Mônada manifestando-se na forma de Prakriti chamada
reino mineral'. O átomo, como representado na hipótese científica comum, não é
uma partícula de algo, animada por algo psíquico, destinada depois de éons a
florescer como um homem. Mas ele é uma manifestação concreta da energia
universal que ainda não se tornou individualizada; uma manifestação seqüencial
da Mônada universal única.
"O oceano de matéria não se divide em
suas gotas potenciais e constituintes até que o impulso da vida atinge o estágio
do nascimento humano. A tendência em direção à segregação em Mônadas
individuais é gradual, e nos animais superiores quase chega no ponto. Os
Peripatéticos aplicavam o termo Mônada ao conjunto do cosmos no sentido
panteísta; e os ocultistas, ainda que aceitando este pensamento por amor à
conveniência, distinguem os estágios progressivos da evolução da forma concreta
a partir do abstrato com termos de que 'Mônada mineral, vegetal, animal' são
exemplos. O termo meramente significa que a maré da evolução espiritual está
passando por aquele arco de seu ciclo.
"A 'Essência Monádica' começa
imperfeitamente a se diferenciar em direção à consciência individual no reino
vegetal. Como as Mônadas não são coisas compósitas, como corretamente definiu
Leibnitz, é a essência espiritual que as vivifica em seus graus de
diferenciação o que propriamente constitui a Mônada - não a agregação atômica,
que é só o veículo e a substância através dos quais se agitam os graus
inferiores e superiores de inteligência". (vol. I, p. 201)
O estudante que ler e ponderar esta passagem,
a custo de um pequeno esforço presente, poupará a si mesmo muita confusão em
dias futuros. Primeiro que perceba claramente que a Mônada - "a essência
espiritual" à qual somente o termo Mônada deveria ser aplicado com
precisão estrita - é uma só em todo o universo, que Âtmâ-Buddhi não é seu, nem
meu, nem propriedade de ninguém em particular, mas sim é a essência espiritual
energizante em tudo.
Da mesma forma a eletricidade é uma só em todo
o mundo; embora possa estar ativa em sua máquina ou na minha, nem ele nem eu
podemos chamá-la nossa eletricidade, particularmente. Mas - e aqui surge
confusão - quando Âtmâ-Buddhi energiza-se num homem, em quem Manas está ativo
como uma força individualizante, fala-se
amiúde como se a "agregação atômica" fosse uma Mônada
separada, e então temos "Mônadas", como na passagem acima.
Esta maneira dúbia de usar o termo não levará
ao erro se o estudante lembrar que o processo de individualização não está no
plano espiritual, mas Âtmâ-Buddhi visto através de Manas parece compartilhar da
individualidade deste último. Assim se você pegar na mão vários vidros
coloridos pode ver através eles um sol vermelho, um sol azul, um sol amarelo, e
assim por diante. Não obstante, só há um sol brilhando sobre você, alterado
pelos meios pelos quais você o olha.
Quão freqüentemente nos deparamos com a frase
"Mônadas humanas"; deveria ser "a Mõnada se manifestando no
reino humano"; mas esta precisão algo pedante provavelmente só confundiria
um maior número de pessoas, e a frase popular mais imprecisa não confundirá se
o princípio de unidade no plano espiritual for compreendido, não mais do que
nos confundimos ao falar do 'nascer' do sol.
"A Mônada Espiritual é única, universal,
ilimitada, e inteira, cujos raios, não obstante, formam o que, em nossa
ignorância, chamamos as 'Mõnadas individuais' dos homens" (Dout. Sec., vol
I, p. 200).
Muito bela e poeticamente esta unidade é
descrita em um dos Catecismos Ocultos, onde o Guru questiona o discípulo:
"Levanta tua cabeça, oh Lanoo; vês uma ou
incontáveis luzes acima de ti, incandescentes nos escuro céu da meia-noite?
"Percebo só uma Chama, oh Gurudeva; vejo
incontáveis centelhas não separadas ardendo nela".
"Disseste bem. E agora olha em torno e
dentro de ti mesmo. Aquela luz que brilha dentro de ti, tu a percebes diferente
de alguma forma da luz que brilha em teus semelhantes?
"De modo algum ela é diferente, embora o
prisioneiro seja mantido em amarras pelo Karma, e embora suas veste exteriores
iludam o ignorante para que diga 'tua alma', e 'minha alma' " (Dout. Sec.,
vol. I, p. 145).
Não deve haver agora nenhuma dificuldade séria
em compreender os estágios da evolução humana; a Mônada, que tem percorrido seu
caminho como vimos, chega no ponto em que a forma humana pode ser manifesta na
terra; um corpo etérico e sua contraparte física então são desenvolvidos, Prâna
se especializa a partir do grande oceano da vida, e Kâma é desenvolvido, todos
estes princípios, o quaternário inferior, sendo vigiados pela Mônada,
energizados por ela, impelidos por ela, forçados para a frente por ela em
direção ao contínuo aperfeiçoamento da forma e da capacidade para manifestar as
energias superiores na Natureza.
Este foi o homem animal, ou físico, que evolui
através de duas Raças e meia. Mas a Mônada e o quaternário inferior não
poderiam entrar em relação suficientemente estreita entre si; ainda faltava um
elo. "O Dragão Dual [a Mônada] não tem domínio sobre a mera forma. É como
a brisa que não encontra árvore ou ramagem para recebê-la e abrigá-la. Ela não
pode afetar a forma quando não existe agente de transmissão, e a forma não a
conhece" (Dout. Sec., vol II., p. 60).
Então, no ponto médio recém alcançado, isto é,
da Terceira Raça, os Mânasaputra inferiores passaram a habitar as moradias
assim preparadas para eles, e a formar a ponte entre o homem animal e o
Espírito, entre o quaternário evoluído e o vigilante Âtmâ-Buddhi, para iniciar
o longo ciclo de reencarnação que deve culminar no homem perfeito.
O "influxo Monádico", ou a evolução
da Mônada, do animal até o reino humano, continuou durante a Terceira Raça até
a metade da Quarta, continuamente a população recebendo assim novos recrutas,
continuando deste modo o nascimento de almas durante a segunda metade da
Terceira Raça e a primeira metade da Quarta.
Depois disso, do "ponto de inflexão"
do ciclo de evolução, "mais nenhuma Mônada pode entrar no reino humano. A
porta se fecha para este ciclo" (Dout. Sec., vol. I, p. 205). Desde então
a reencarnação tem sido o método de evolução, esta reencarnação individual do
Pensador imortal em conjunção com Âtmâ-Buddhi substituindo a habitação coletiva
de Âtmâ-Buddhi nas formas inferiores de matéria.
De acordo com os ensinamentos Teosóficos, a
humanidade agora atingiu a Quinta Raça, e estamos já na quinta sub-raça, tendo
diante de si a humanidade deste globo no presente estágio a complementação da
Quinta Raça, e o surgimento, maturidade e queda da Sexta e Sétima Raças.
Mas durante todas as eras necessárias para
esta evolução, não há aumento no número total de Egos reencarnantes; só um
pequeno número deles estão encarnados sobre o globo em qualquer tempo dado, de
modo que a população pode aumentar e diminuir dentro de limites muito amplos, e
tem-se percebido que há uma explosão populacional depois de um despovoamento
local causado por uma mortalidade fora do comum.
Há espaço de sobra para todas estas
flutuações, tendo-se em vista a diferença entre o número total de Egos reencarnantes
e o número de fato encarnado em um dado período.
CAMINHOS
DE COMPROVAÇÃO PARA UM PESQUISADOR DESTREINADO
É
natural e correto que qualquer pessoa pensante confrontada com asserções como
estas apresentadas anteriormente deva perguntar que provas serão trazidas para
fundamentar as proposições apresentadas. Uma pessoa razoável não solicitará
provas plenas e completas acessíveis a todos sem estudo e sem esforço.
Ela admitirá que as teorias avançadas da
ciência não podem ser demonstradas a alguém ignorante de seus princípios
elementares, e ela estará preparada para ver que terá sido dito muito que só
pode ser provado àqueles que fizeram algum progresso em seu estudo. Um ensaio
sobre matemática superior, sobre a correlação de forças, sobre a teoria atômica,
sobre a constituição molecular dos compostos químicos, conterá muitas
apresentações de provas que só serão acessíveis àqueles que devotaram tempo e
pensamento ao estudo dos elementos da ciência em questão.
Do mesmo modo uma pessoa despreconceituosa,
confrontada com a visão Teosófica da constituição do homem, prontamente
admitirá que não pode esperar uma demonstração completa antes que tenha
dominado as bases da ciência Teosófica.
Não obstante há provas genéricas acessíveis em
todas as ciências que são suficientes para justificar sua existência e
encorajar o estudo de suas verdades mais recônditas; e na Teosofia é possível
indicar caminhos de provas que podem ser seguidos pelo pesquisador destreinado,
e que lhe justificam a devoção de tempo e esforço a um estudo que dá a promessa
de um conhecimento mais amplo e profundo de si mesmo e da natureza externa do
que de outra forma seria atingível.
È bom dizer de saída que não há prova alguma
disponível ao pesquisador comum sobre a existência dos três planos superiores
de que falamos. Os domínios do Espírito e da mente superior estão fechados a
todos exceto àqueles que desenvolveram as faculdades necessárias à sua
investigação.
Aqueles que desenvolveram estas faculdades não
precisam de nenhuma prova da existência destes domínios; para os que não o
fizeram, não pode ser dada nenhuma prova de sua existência. Que há algo acima
do plano astral e dos níveis inferiores do mental pode de fato ser provado
pelos fulgores do gênio, pelas elevadas intuições, que de tempos em tempos
iluminam a escuridão de nosso mundo inferior.
Mas o que é este algo, só o podem dizer
aqueles cujos olhos internos se abriram, que vêem onde a raça como um todo ainda é cega. Mas os
planos inferiores são mais suscetíveis de serem provados, e novas provas se
acumulam dia após dia. Os Mestres de Sabedoria estão usando os investigadores e
pensadores do mundo ocidental para que façam "descobertas" que tendam
a respaldar as colocações da posição Teosófica, e as linhas que eles estão
seguindo são exatamente aquelas que são necessárias para descobrir-se as leis
naturais que justificarão a asserções dos Teosofistas a respeito dos
"poderes" e "fenômenos" elementares, aos quais tem sido
dada uma importância exagerada.
Se for aceito que há fatos inegáveis que
comprovam a existência de planos outros que não o físico nos quais pode atuar a
consciência; que comprovam a existência de sentidos e poderes de percepção
outros que não aqueles com que estamos acostumados na vida diária; que
comprovam a existência de poderes de comunicação entre inteligências sem o uso
de aparatos mecânicos, seguramente, sob estas circunstâncias, o Teosofista pode
alegar que constituiu um caso prima facie para futuras investigações de suas
doutrinas.
Confinemo-nos, então, aos planos inferiores de
que falamos antes, e os quatro princípios inferiores no homem que estão
relacionados a estes planos. Destes quatro, podemos deixar um de lado, o do
Prâna, já que ninguém contestará o fato da existência de uma energia a que
chamamos "vida"; a necessidade de isolá-lo com fins de estudo pode
ser contestada, e em verdade o plano do Prâna, ou o princípio do Prâna,
perpassa todos os outros planos, todos os outros princípios, interpenetrando a
todos e unindo-os em um só.
Restam para nosso estudo o plano físico, o
plano astral, os níveis inferiores do plano Manásico. Poderemos substituí-los
por provas que sejam aceitas por aqueles que ainda não são Teosofistas?
Primeiro, sobre o plano físico. Temos aqui que
perceber como os sentidos do homem estão relacionados com o universo físico
externo a si, e como seu conhecimento deste universo é limitado pelo poder de
seus órgãos de sentidos em vibrar em resposta às vibrações impostas de fora.
Podemos ouvir quando o ar é posto em uma vibração em que o tímpano de nosso
ouvido também o possa ser; se a vibração for tão lenta de modo que o tímpano
não possa vibrar em resposta, a pessoa não ouvirá som algum.
Se a vibração for tão rápida de modo que o
tímpano não possa vibrar em resposta, a pessoa não ouve nenhum som. Tão verdade
é isso que o limite de audição em pessoas diferentes varia no poder de vibração
dos tímpanos de seus respectivos ouvidos; uma pessoa fica mergulhada no
silêncio, enquanto que outra é ensurdecida pelo agudo trinado que está pondo em
tumulto o ar em torno de ambas.
O mesmo princípio funciona para a visão; vemos
até onde as ondas de luz sejam de comprimento a que possam responder nossos
órgãos de visão; abaixo e além deste comprimento estamos nas trevas, por mais
que o éter possa vibrar. A formiga pode ver onde somos cegos, porque seu olho
pode receber e responder a vibrações etéricas mais rápidas do que podemos
perceber.
Tudo isso sugere a qualquer pessoa pensante a
idéia de que se nossos sentidos pudessem ser desenvolvidos para uma
responsividade maior, novas avenidas de conhecimento seriam abertas mesmo no
plano físico; compreendido isto, não será difícil dar um passo além, e conceber
que sentidos mais agudos e sutis poderiam existir que desvendariam, por assim
dizer, um novo universo em um plano outro que não o físico.
Assim, esta concepção é verdadeira, e com a
evolução dos sentidos astrais o plano astral se descortina, e pode ser estudado
tão realmente, tão cientificamente, quanto o pode ser o universo físico. Estes
sentidos astrais existem em todos os homens, mas estão latentes na maioria, e
geralmente precisam ser artificialmente forçados, se forem ser usados em nosso
presente estágio de evolução. Em algumas poucas pessoas eles estão presentes de
modo normal e se tornam ativos sem nenhum impulso artificial.
Em muitíssimas pessoas eles podem ser
artificialmente despertos e desenvolvidos. A condição, em todos os casos, da
atividade dos sentidos astrais é a passividade do físico, e quanto mais
completa a passividade no plano físico, maior a possibilidade de atividade no
astral.
É digno de nota que os psicólogos ocidentais
tenham considerado necessário investigar o que é chamado de "consciência
do sonho", a fim de entender a atuação da consciência como um todo. É
impossível ignorar os estranhos fenômenos que caracterizam a operação da
consciência quando é tirada das limitações do plano físico, e alguns dos mais
capazes e avançados de nossos psicólogos não pensam que estas operações sejam
de forma alguma indignas da investigação mais cuidadosa e científica.
Todas estas operações estão, na linguagem
Teosófica, no plano astral, e o estudante que buscar provas de que exista um
plano astral pode encontrar aqui mais que o bastante. Ele descobrirá rápido que
as leis sob que funciona a consciência no plano físico não existem no astral,
isto é, as leis do espaço e do tempo, que são aqui as próprias condições do
pensamento, não existem para a consciência quando sua atividade é transferida
para o mundo astral.
Mozart ouve toda uma sinfonia como uma
impressão única, "como em um belo e poderoso sonho" (Du Prel,
Filosophy of Mysticism, vol. I, p. 106), mas tem que desdobrá-la em sucessivos
detalhes quando a traz de volta ao plano físico. O sonho do momento contém uma
massa de eventos que tomaria anos para passar em sucessão em nosso mundo de
espaço e tempo. O homem à beira da morte vê sua história de vida em poucos
segundos. Mas não é preciso multiplicar exemplos.
O plano astral pode ser alcançado no sono ou
em transe, natural ou induzido, isto é, em qualquer caso em que o corpo seja
reduzido a uma condição de letargia. É em transe que ele pode melhor ser
estudado, e aqui nosso pesquisador logo encontrará provas de que a consciência
pode atuar à parte do organismo físico,
desimpedida das leis que a bloqueiam enquanto opera no plano físico.
A clarividência e a clariaudiência estão entre
os fenômenos mais interessantes que esperam investigação. Não é necessário dar
aqui um grande número de casos de clarividência, pois suponho que o pesquisador
tencione estudar por si mesmo. Mas posso mencionar o caso de Jane Rider,
observado pelo Dr. Belden, seu médico atendente: uma garota que podia ler e
escrever com os seus olhos cuidadosamente cobertos com vendas de tecido de algodão,
cuja visão vinha a partir do meio de seu queixo. (Ísis sem Véu, vol. I, p. 37)
Ou o caso do clarividente observado por
Schelling que anunciou a morte de um parente à distância de 150 léguas, e disse
que a carta contendo a notícia da morte estava a caminho (ibid., vol. II, pp.
89-92); ou Madame Lagrandé, que diagnosticou o estado interno de sua mãe, dando
uma descrição que provaria estar correta pelo exame post-mortem (Dr. Haddock,
Somnambulism and Psychism, pp. 54-56); ou a sonâmbula do Dr. Haddock, Emma, que
constantemente diagnosticava doenças para ele (ibid., cap. VII).
Falando de modo geral, o clarividente pode ver
e descrever eventos que estão tendo lugar à distância, ou sob circunstâncias que
tornam a visão física impossível. Como isto é feito? Os fatos estão além da
controvérsia. Eles requerem explicação. Dizemos que a consciência pode operar
através de sentidos outros que não o físico, sentidos desimpedidos das
limitações de espaço que existem para nossos sentidos corpóreos e que não podem
ser transcendidas por estes.
Aqueles que negam a possibilidade de tais
operações no que chamamos de plano astral deveriam pelo menos tentar apresentar
uma hipótese mais razoável do que a nossa. Fatos são coisas inatacáveis, e
temos aqui uma massa de fatos provando a existência de atividade consciente em
um plano supra-físico, como a visão sem olhos, audição sem ouvidos, obtenção de
conhecimento sem o aparato físico. Na falta de qualquer outra explicação, a
hipótese Teosófica mantém sua predominância.
Há uma outra classe de fatos: a de aparições
etéricas ou astrais, seja de pessoas vivas ou mortas, espectros, aparições,
duplos, fantasmas, etc, etc. É claro que a pessoa onisciente do final do século
XIX suspiraria com desdém superior diante da menção de tais superstições tolas.
Mas suspiros não anulam os fatos, e é uma questão de evidência.
O peso da evidência está enormemente do lado
de tais aparições, e em todas as eras do mundo o testemunho humano tem
autenticado sua realidade. O pesquisador que requerer as provas de que falei
pode bem colocar-se a trabalhar para reunir evidência de primeira mão sobre
este assunto. É claro que se ele tiver medo de ser ridicularizado seria melhor
deixar o assunto em paz, mas se for robusto o bastante para enfrentar o
ridículo da pessoa "superior" ele se assombrará com a evidência que
reunir de pessoas que entraram elas mesmas em contato pessoal com formas
astrais.
"Ilusões! Alucinações!" dirá a
pessoa "superior". Mas interjeições não comprovam nada. As ilusões de
que a vasta maioria da humanidade dá testemunho são pelo menos dignas de
estudo, se ao testemunho humano for dado algum crédito. Deve haver algo que dá
margem a esta unanimidade de testemunho em todas as épocas do mundo, testemunho
que é encontrado hoje entre pessoas civilizadas, no meio de estradas de ferro e
luzes elétricas, assim como entre raças bárbaras.
O testemunho de milhões de Espíritas sobre a
realidade das formas etéricas e astrais não pode ser deixada fora de
consideração. Quando todos os casos de fraude e impostura forem descontados
permanecem fenômenos que não podem ser considerados fraudulentos, e que podem
ser examinados por quaisquer pessoas que cuidarem de dar tempo e trabalho para
investigar.
Não há necessidade alguma de empregar-se um
médium profissional; uns poucos amigos bem conhecidos entre si podem levar a
cabo sua investigação juntos; e não é demais dizer que meia dúzia de pessoas,
com um pouco de paciência e perseverança, podem convencer-se da existência de
forças e inteligências outras que não as do plano físico.
Há perigo, nesta pesquisa, para naturezas
emotivas, nervosas e facilmente influenciáveis, e seria bom não levar a
investigação muito longe, pelas razões dadas antes. Mas não há maneira mais
rápida de quebrar a descrença na existência de algo além do plano físico do que
tentar uns poucos experimentos, e vale a pena correr algum risco a fim de
realizar esta quebra.
Estas são apenas sugestões sobre linhas que o
pesquisador poderá seguir, de modo a convencer-se de que há um estado de
consciência tal como o que rotulamos de "astral". Quando ele tiver
coletado evidências suficientes para tornarem este estado provável para ele,
será tempo de por-se no caminho do estudo sério.
Para uma investigação verdadeira do plano
astral, o estudante deve desenvolver em si os sentidos necessários, e para
tornar este conhecimento disponível enquanto ele estiver no corpo, ele deve
aprender a transferir sua consciência ao plano astral sem perder contato com o
organismo físico, de modo que possa imprimir no cérebro físico o conhecimento
adquirido durante suas viagens astrais.
Mas para isso ele precisará ser não apenas um
mero pesquisador, mas um estudante, e ele precisará da ajuda e orientação de um
instrutor. Sobre encontrar este instrutor, "quando o discípulo estiver
pronto o mestre sempre estará lá". Provas adicionais da existência do
plano astral, na época presente, são encontradas mais facilmente no estudo dos
fenômenos mesméricos e hipnóticos. E aqui, antes de passarmos a eles, sou
obrigada a dar uma palavra de advertência.
O uso do mesmerismo e do hipnotismo é rodeado
de perigo. A publicidade que existe para todas as descobertas científicas do
ocidente disseminou amplamente conhecimento que coloca ao alcance daqueles
dispostos criminalmente poderes do mais terrível caráter, que podem ser usados
com propósitos os mais daninhos.
Nenhum homem ou mulher bons usará estes
poderes, se descobrir que os possui, exceto quando ele os usar puramente para
serviço humano, sem fins pessoais em vista, e quando ele estiver bem seguro de
que não estará por seu intermédio usurpando o controle sobre a vontade e ações
de outro ser humano. Infelizmente o uso destas forças está tão aberto ao mau
quanto ao bom, e podem ser, e estão sendo, usados para os fins mais nefastos.
Em vista destes novos perigos ameaçando
indivíduos e sociedade, cada um faria melhor reforçando os hábitos de
autocontrole e de concentração de pensamento e vontade, de modo a encorajar uma
atitude mental positiva como oposta à negativa, e assim opondo uma resistência
constante a todas as influências vindas de fora.
Nossos indolentes hábitos de pensamento, nossa
falta de propósito nítido e consciente, deixam-nos abertos aos ataques dos
hipnotizadores mal-intencionados, e que este é um perigo real e não fantasioso
o tem sido provado por casos que levaram as vítimas para debaixo da lei
criminal. Pode ser esperado que logo estas más práticas hipnóticas possam ser
enquadradas no código penal.
Estando assim em atitude de cuidado e
autodefesa, poderemos estudar embora com precaução as experiências tornadas
públicas ao mundo, em nossa busca de provas preliminares da existência do plano
astral. Pois aqui a ciência ocidental está na iminência de descobrir alguns dos
"poderes" de que tanto tem falado os Teosofistas, e temos o direito
de usar em justificação de nossos ensinamentos todos os fatos com que a ciência
puder nos suprir.
Mas uma das mais importantes classes destes
fatos é a dos pensamentos tornados visíveis como formas. Uma pessoa
hipnotizada, depois de ser desperta do transe e estando aparentemente em posse
normal de seus sentidos, pode ser feita ver quaisquer formas concebidas pelo
hipnotizador. Nenhuma palavra precisa ser dita, nenhum toque feito; é
suficiente que o hipnotizador imagine claramente para si mesmo alguma idéia, e
aquela idéia se torna um objeto visível e tangível para a pessoa sob seu
controle.
Este experimento pode ser tentado de várias
maneiras; enquanto o paciente está em transe pode ser usada
"sugestão"; isto é, o operador pode dizer-lhe que há uma ave em seu
joelho, e quando despertar de seu transe ela verá o pássaro e tocará nele
(Richet, Études Cliniques sur la Grand Hystérie, p. 645); ou que ele tem uma lâmpada
entre suas mãos, e ao despertar ele pressionará suas mãos contra ela, sentindo
a resistência no ar vazio (Binet & Féré, Animal Magnetism, p. 213).
Relatos destes experimentos podem ser lidos em
Richet ou em Binet e Féré. Resultados similares podem ser obtidos sem
"sugestão", por pura concentração do pensamento; eu vi um paciente
obrigado a retirar deste modo um anel do dedo de uma pessoa, sem haver sido
falada palavra ou feito qualquer toque entre o hipnotizador e o hipnotizado.
A literatura sobre mesmerismo e hipnotismo em
inglês, francês e alemão agora já é muito extensa, e está aberta a qualquer um.
Pode ser desejada a evidência desta criação de formas pelo pensamento e
vontade, formas que, no plano astral, são reais e objetivas. O mesmerismo e o
hipnotismo deixam a inteligência livre neste plano, e ela opera portanto sem o
impedimento normalmente imposto pelo aparato físico; ela pode ver e ouvir
naquele plano, e vê pensamentos como sendo coisas.
Aqui, também para estudo real, é necessário
aprender como transferir a consciência mas retendo o domínio do organismo
físico; mas para uma investigação preliminar será bastante estudar outros cuja
consciência é artificialmente liberada sem sua própria vontade. Esta realidade
das imagens de pensamento em um plano suprafísico é um fato da maior
importância, especialmente no que toca à reencarnação; mas é suficiente aqui
apontá-la como um dos fatos que vão demonstrar a probabilidade prima facie da
existência de tal plano.
Uma outra classe de fatos que merece estudo é
aquela que inclui o fenômeno da transmissão de pensamento, e aqui chegamos aos
níveis inferiores do plano mental ou Manásico. O Transactions of the Psychical
Research Society contêm um vasto número de experiências interessantes sobre
este tópico, e a possibilidade da transmissão de pensamento de cérebro a
cérebro sem o uso de palavras, ou de qualquer outro meio de comunicação física
comum, está à beira da aceitação geral.
E dois indivíduos, dotados de paciência, podem
convencer a si mesmos desta possibilidade, se cuidarem de devotar ao esforço
tempo e perseverança suficientes. Deixemos que combinem em dedicar, digamos,
dez minutos diários à sua experiência, e fixando o tempo, que cada um isole-se,
evitando interrupções de qualquer tipo. Que um seja o projetor de pensamento, e
o outro o receptor, e é seguro alternar estas posições, a fim de evitar o risco
de um se tornar permanentemente anormalmente passivo.
Que o projetor de pensamento se concentre em
um pensamento definido e na vontade de impressioná-lo em seu amigo; nenhuma
idéia senão esta deve entrar em sua mente; seu pensamento deve ser concentrado
em uma só coisa, unidirecionado [one-pointed, no original - NT], na linguagem
plástica de Patanjali. O receptor do pensamento, por outro lado, deve deixar
sua mente em branco, e deve meramente perceber os pensamentos que entram nela.
Ele os deve anotar à medida em que aparecem, sendo o seu único cuidado o de
permanecer passivo, para nada rejeitar, nem encorajar nada.
O projetor do pensamento, por sua vez, deveria
manter um registro das idéias que tenta enviar, e ao fim de seis meses os dois
registros serão comparados. A menos que as pessoas sejam anormalmente
deficientes em pensamento e vontade, algum poder de comunicação àquela altura
se terá estabelecido entre elas, e se forem ao menos sensitivas, provavelmente
também deverão ter desenvolvido o poder de verem-se mutuamente na luz astral.
Pode ser objetado que um experimento como este
seria cansativo e monótono. Concedo. Todas as investigações em primeira mão
sobre as leis e forças naturais são cansativas e monótonas. Este é o porquê de
quase todo mundo preferir conhecimento de segunda mão ao de primeira; a
"sublime paciência do investigador" é um dos dons mais raros. Darwin
era capaz de realizar um experimento aparentemente trivial centenas de vezes a
fim de substanciar um pequeno fato.
Os domínios supra-sensoriais certamente não
requerem para sua conquista menos paciência e menos esforço do que os
sensórios. A impaciência jamais conseguiu qualquer coisa na pesquisa da
natureza, e o futuro estudante deve, desde o início, mostrar a perseverança
incansável que pode morrer mas nunca relaxará em seu objetivo.
Finalmente, deixem-me aconselhar o pesquisador
a manter seus olhos abertos para novas descobertas, especialmente nas ciências
da eletricidade, física e química. Leia-se o comunicado do Prof. Lodge à
British Association em Cardiff no outono de 1891 e o comunicado do Prof.
Crookes à Society of Electrical Engineers em Londres no novembro seguinte.
Ele encontrará ali férteis sugestões sobre as
linhas em que a ciência ocidental está se preparando para avançar, e
eventualmente ele sentirá que pode haver algo na declaração de H.P.Blavatsky de
que os Mestres de Sabedoria estão se preparando para dar provas que respaldarão
a Doutrina Secreta.
Os Sete Planos e os princípios ali
funcionando:
7 x
6 x
5 Âtmâ
Espírito Espiritual
4 Buddhi Alma Espiritual
3 Manas Alma Humana Mental
2 Kâma
Astral ou Corpo de Desejo Astral
1 Prâna Duplo Etérico - Corpo Físico
Denso Físico
Uma Outra Divisão de acordo com os
Princípios
7
Âtmâ Espiritual
6
Buddhi
5
Manas Superior Mental
4 Princípios intimamente inter-relacionados
durante a vida terrena, algumas vezes
chamado Plano Psíquico superior Manas Inferior
3 Kâma Astral
2
Prâna - Duplo Etérico Físico
1
Corpo Físico Denso
Uma Outra Divisão também de acordo com os
Princípios
7 Âtma
Espiritual
6 Buddhi
5 Manas Mental
4 Kâma Astral
3 Prâna
Físico
2 Duplo Etérico
1 Corpo Físico Denso
Estas
duas últimas divisões são questão de conveniência na classificação. O primeiro diagrama
dá os próprios planos assim como eles existem na natureza.
History
of the Theosophical Society
Theosophical Society Cardiff
Lodge
Cardiff Theosophical Archive
The Theosophical Society,
Cardiff Lodge, 206 Newport Road, Cardiff CF24 – 1DL
Helena Petrovna Blavatsky 1831 – 1891
The Founder of Modern Theosophy
Index of Articles by
By
H P Blavatsky
Is the Desire to Live Selfish?
Ancient Magic in Modern Science
Precepts Compiled by H P Blavatsky
Obras Por H P Blavatsky
En Espanol
Articles about the Life of H P Blavatsky
Nature is infinite in space and
time -- boundless and eternal, unfathomable and ineffable. The all-pervading
essence of infinite nature can be called space, consciousness, life, substance,
force, energy, divinity -- all of which are fundamentally one.
2) The finite and the infinite
Nature is a unity in
diversity, one in essence, manifold in form. The infinite whole is composed of
an infinite number of finite wholes -- the relatively stable and autonomous
things (natural systems or artefacts) that we observe around us. Every natural
system is not only a conscious, living, substantial entity, but is
consciousness-life-substance, of a particular range of density and form.
Infinite nature is an abstraction, not an entity; it therefore does not act or
change and has no attributes. The finite, concrete systems of which it is
composed, on the other hand, move and change, act and interact, and possess
attributes. They are composite, inhomogeneous, and ultimately transient.
3)
Vibration/worlds within worlds
The one essence manifests not
only in infinitely varied forms, and on infinitely varied scales, but also in
infinitely varying degrees of spirituality and substantiality, comprising an
infinite spectrum of vibration or density. There is therefore an endless series
of interpenetrating, interacting worlds within worlds, systems within systems.
The energy-substances of
higher planes or subplanes (a plane being a particular range of vibration) are
relatively more homogeneous and less differentiated than those of lower planes
or subplanes.
Just as boundless space is
comprised of endless finite units of space, so eternal duration is comprised of
endless finite units of time. Space is the infinite totality of worlds within
worlds, but appears predominantly empty because only a tiny fraction of the
energy-substances composing it are perceptible and tangible to an entity at any
particular moment. Time is a concept we use to quantify the rate at which
events occur; it is a function of
change and motion, and
presupposes a succession of cause and effect. Every entity is extended in space
and changes 'in time'.
All change (of position,
substance, or form) is the result of causes; there is no such thing as absolute
chance. Nothing can happen for no reason at all for nothing exists in
isolation; everything is part of an intricate web of causal interconnections and
interactions. The keynote of nature is harmony: every action is automatically
followed by an equal and opposite reaction, which sooner or later rebounds upon
the originator of the initial act. Thus, all our thoughts and deeds will
eventually bring us 'fortune' or 'misfortune' according to the degree to which
they were harmonious or disharmonious. In the long term, perfect justice
prevails in nature.
Because nature is
fundamentally one, and the same basic habits and structural, geometric, and
evolutionary principles apply throughout, there are correspondences between
microcosm and macrocosm. The principle of analogy -- as above, so below -- is a
vital tool in our efforts to understand reality.
All finite systems and their
attributes are relative. For any entity, energy-substances vibrating within the
same range of frequencies as its outer body are 'physical' matter, and finer
grades of substance are what we call energy, force, thought, desire, mind,
spirit, consciousness, but these are just as material to entities on the
corresponding planes as our physical world is to us. Distance and time units
are also relative: an atom is a solar system on its own scale, reembodying perhaps
millions of times in what for us is one second, and our whole galaxy may be a
molecule in some supercosmic entity, for which a million of our years is just a
second. The range of scale is infinite: matter-consciousness is both infinitely
divisible and infinitely aggregative.
All natural systems consist
of smaller systems and form part of larger systems. Hierarchies extend both
'horizontally' (on the same plane) and 'vertically' or inwardly (to higher and
lower planes). On the horizontal level, subatomic particles form atoms, which
combine into molecules, which arrange themselves into cells, which form tissues
and organs, which form part of organisms, which form part of ecosystems, which
form part of planets, solar systems, galaxies, etc. The constitution of worlds
and of the organisms that inhabit them form 'vertical' hierarchies, and can be
divided into several interpenetrating layers or elements, from physical-astral
to psychomental to spiritual-divine, each of which can be further divided.
The human constitution can be
divided up in several different ways: e.g. into a trinity of body, soul, and
spirit; or into 7 'principles' -- a lower quaternary consisting of physical
body, astral model-body, life-energy, and lower thoughts and desires, and an
upper triad consisting of higher mind (reincarnating ego), spiritual intuition,
and inner god. A planet or star can be regarded as a 'chain' of 12 globes, existing
on 7 planes, each globe comprising several subplanes.
The highest part of every
multilevelled organism or hierarchy is its spiritual summit or 'absolute',
meaning a collective entity or 'deity' which is relatively perfected in
relation to the hierarchy in question. But the most 'spiritual' pole of one
hierarchy is the most 'material' pole of the next, superior hierarchy, just as
the lowest pole of one hierarchy is the highest pole of the one below.
Each level of a hierarchical
system exercises a formative and organizing influence on the lower levels
(through the patterns and prototypes stored up from past cycles of activity),
while the lower levels in turn react upon the higher. A system is therefore
formed and organized mainly from within outwards, from the inner levels of its
constitution, which are relatively more enduring and developed than the outer
levels. This inner guidance is sometimes active and selfconscious, as in our
acts of free will (constrained, however, by karmic tendencies from the past),
and sometimes it is automatic and passive, giving rise to our own automatic
bodily functions and habitual and instinctual behavior, and to the orderly,
lawlike operations of nature in general. The 'laws' of nature are therefore the
habits of the various grades of conscious entities that compose reality,
ranging from higher intelligences (collectively
forming the universal mind) to elemental nature-forces.
10) Consciousness and its vehicles
The core of every entity --
whether atom, human, planet, or star -- is a monad, a unit of consciousness-life-substance,
which acts through a series of more material vehicles or bodies. The monad or
self in which the consciousness of a particular organism is focused is animated
by higher monads and expresses itself through a series of lesser monads, each
of which is the nucleus of one of the lower vehicles of the entity in question.
The following monads can be distinguished: the divine or galactic monad, the
spiritual or solar monad, the higher human or planetary-chain monad, the lower
human or globe monad, and the animal, vital-astral, and physical monads. At our
present stage of evolution, we are essentially the lower human monad, and our
task is to raise our consciousness from the animal-human to the spiritual-human
level of it.
Evolution means the
unfolding, the bringing into active manifestation, of latent powers and
faculties 'involved' in a previous cycle of evolution. It is the building of
ever fitter vehicles for the expression of the mental and spiritual powers of
the monad. The more sophisticated the lower vehicles of an entity, the greater
their ability to express the powers locked up in the higher levels of its
constitution. Thus all things are alive and conscious, but the degree of
manifest life and consciousness is extremely varied.
Evolution results from the
interplay of inner impulses and environmental stimuli. Ever building on and
modifying the patterns of the past, nature is infinitely creative.
12) Cyclic evolution/re-embodiment
Cyclic evolution is a
fundamental habit of nature. A period of evolutionary activity is followed by a
period of rest. All natural systems evolve through re-embodiment. Entities are
born from a seed or nucleus remaining from the previous evolutionary cycle of
the monad, develop to maturity, grow old, and pass away, only to re-embody in a
new form after a period of rest. Each new embodiment is the product of past
karma and present choices.
Nothing comes from nothing:
matter and energy can be neither created nor destroyed, but only transformed.
Everything evolves from preexisting material. The growth of the body of an
organism is initiated on inner planes, and involves the transformation of higher
energy-substances into lower, more material ones, together with the attraction
of matter from the environment.
When an organism has
exhausted the store of vital energy with which it is born, the coordinating
force of the indwelling monad is withdrawn, and the organism 'dies', i.e. falls
apart as a unit, and its constituent components go their separate ways. The
lower vehicles decompose on their respective subplanes, while, in the case of
humans, the reincarnating ego enters a dreamlike state of rest and assimilates
the experiences of the previous incarnation. When the time comes for the next
embodiment, the reincarnating ego clothes itself in many of the same atoms of
different grades that it had used previously, bearing the appropriate karmic
impress. The same basic processes of birth, death,
and rebirth apply to all entities, from atoms to humans to stars.
14)
Evolution and involution of worlds
Worlds or spheres, such as
planets and stars, are composed of, and provide the field for the evolution of,
10 kingdoms -- 3 elemental kingdoms, mineral, plant, animal, and human
kingdoms, and 3 spiritual kingdoms. The impulse for a new manifestation of a
world issues from its spiritual summit or hierarch, from which emanate a series
of steadily denser globes or planes; the One expands into the many. During the
first half of the evolutionary cycle (the arc of descent) the energy-substances
of each plane materialize or condense, while during the second half (the arc of
ascent) the trend is towards dematerialization or etherealization, as globes
and entities are reabsorbed into the spiritual hierarch for a period of nirvanic
rest. The descending arc is characterized by the evolution of matter and
involution of spirit, while the ascending arc is characterized by the evolution
of spirit and involution of matter.
In each grand cycle of
evolution, comprising many planetary embodiments, a monad begins as an
unselfconsciousness god-spark, embodies in every kingdom of nature for the
purpose of gaining experience and unfolding its inherent faculties, and ends
the cycle as a self conscious god. Elementals ('baby monads') have no free
choice, but automatically act in harmony with one another and the rest of
nature. In each successive kingdom differentiation and individuality increase,
and reach their peak in the human kingdom with the attainment of
selfconsciousness and a large measure of free will.
In the human kingdom in
particular, self-directed evolution comes into its own. There is no superior
power granting privileges or handing out favours; we evolve according to our
karmic merits and demerits. As we progress through the spiritual kingdoms we
become increasingly at one again with nature, and willingly 'sacrifice' our
circumscribed selfconscious freedoms (especially the freedom to 'do our own
thing') in order to work in peace and harmony with the greater whole of which
we form an integral part. The highest gods of one hierarchy or world-system
begin as elementals in the next. The matter of any plane is composed of
aggregated, crystallized monads in their nirvanic sleep, and the spiritual and
divine entities embodied as planets and stars are the electrons and atomic
nuclei -- the material building blocks -- of worlds on even larger scales.
Evolution is without beginning and without end, an endless adventure through
the fields of infinitude, in which there are always new worlds of experience in
which to become selfconscious masters of life.
There is no absolute
separateness in nature. All things are made of the same essence, have the same
spiritual-divine potential, and are interlinked by magnetic ties of sympathy.
It is impossible to realize our full potential, unless we recognize the
spiritual unity of all living beings and make universal brotherhood the keynote
of our lives.
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